quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O que aconteceu à resolução de 2015? Green Acres


Uma coisa é certa: esta resolução foi um sucesso e mudou para sempre a nossa maneira de estar e de ver as coisas! Agora que parece estar a haver uma maior consciência para esta problemática do lixo - até o Papa está preocupado com estas questões - e têm surgido mais rumores neste assunto, é altura de falar do ponto de situação do nosso lado, que está até um pouco atrasado.

Alimentação
- o leite que compramos agora vem em garrafas de vidro
(ligeiramente mais caro, mas mais amigo do ambiente)
- comprámos palhinhas de metal e em casa não usamos descartáveis
(receei que não, mas os miúdos até gostam delas)
- mandámos vir cotonetes de madeira em vez de plástico
- levamos os nossos sacos de plástico para as compras (sacos de fruta e legumes)
- horta: diminuímos a área de produção inicial por não termos tanto tempo como queríamos
- das galinhas: comem restos dos legumes da escola da Peninha
- aumentámos o uso de frascos de vidro na cozinha
- comprei um copo retrátil que tenho na mala

Limpeza
- para além do vinagre, ralo sabão azul e branco com um ralador normal de cozinha, junto água e uso para o chão e fica muito bom
- usamos bicarbonato de sódio como complemento ao vinagre em algumas situações
- continuo a fazer cremes / amaciador / shampoo e como gel de duche e gel de mãos ralo sabonete e junto água

Fora de casa
- no escritório já não se encomendam copos de plástico, todos utilizam copos de vidro
- fazemos doação de brinquedos e roupa

Projetos abandonados
- cápsulas reutilizáveis e café de saco: o café não ficava a nosso gosto e por isso tomamos café fora de casa e assim acabamos por ajudar o comércio local.
- escova de dentes de bambu: os dentes não ficavam lavados em condições e acabámos por abandonar
- navalha de barbear: não sei muito acerca disto, mas não tem estado a uso

Para já, é isto!

Resolução 2016

Como a resolução de 2015 foi uma revelação, uma epifania, o que se quiser chamar na nossa vida, decidi fazer uma resolução em 2016. Como não a comentei ainda por aqui, só pode querer dizer que não foi um sucesso... E não foi! Este ano queria tornar o ano do regresso à atividade física e ao desporto. Afinal a Peninha já não me tira tanto tempo que não o consiga fazer!... Houve a compra de um barquinho à vela, houve aulas de ginásio, mas na verdade está muito aquém da regularidade que faia parte da minha resolução.

Em jeito de balanço do 3º Trimestre de 2016, tenho a dizer que possivelmente será uma resolução a repetir em 2017...

Biblioteca

As bibliotecas são lugares de partilha de saber e cultura. Não é à toa que continuam a existir e a custar larga fatia do orçamento camarário, sem retorno visível de maior.

Mas só pelo título, a maior parte das pessoas nem leria este post: só o nome cheira a muitos livros juntos, funcionárias que pedem silêncio e falam baixinho. Há uns tempos atrás confesso que faria o mesmo, embora a biblioteca faça parte das minhas memórias felizes de infância - tive o privilégio de ser vizinha da biblioteca municipal da minha cidade, que abriu no ano em que fui para a escola primária e por isso era novinha e estava na moda. Passava lá muito tempo a devorar livros e gostava mesmo muito de lá ir, para ler ou para ir ver filmes. Julgo que gostar de ler se deve em grande parte a isso. Mas hoje em dia os pais passam a responsabilidade de ir à Biblioteca com os filhos para a escola e é algo démodé, porque está tudo na internet - até os livros.

Esta era a maneira como estava organizada na minha cabeça o conceito de Biblioteca. No entanto, por um destes dias a ler um artigo num blog sobre minimalismo ou ecologia (não sei qual a temática, nem qual o blog!) tropecei num post raro: embora seja considerado um bom blog, cheio de visitantes e seguidores, os comentários daquele post eram mais interessantes do que o post em si.

O post falava no descontentamento de os cartões de sócio das bibliotecas serem em regra de plástico e, por isso, a autora estava desiludida com a biblioteca e não frequentava a mesma. Eis então que surgem os comentários: "as bibliotecas são dos poucos locais públicos do nosso tempo em que ninguém nos pede nada, não somos incitados a comprar nada nem a consumir nada", "na biblioteca da minha terra até podem ser requisitados ebooks", "na biblioteca a cultura e o saber são grátis e estão disponíveis para qualquer um, sem distinção".

Foi isto tudo que perdemos! Obviamente que me organizei para ir conhecer a biblioteca da terra onde trabalho e onde a Peninha anda na escola. Aproveitei um dia de fim-de-semana de muito calor em que estávamos apenas as duas e lá fomos àquele edifício moderno e elegante. Fiquei maravilhada: imagine-se uma sala de leitura infantil que tem livros para colorir, jogos tradicionais, consolas de videojogos, filmes, almofadas, brinquedos e livros para ler. E isto tudo com muita cor e espaço para disfrutar. Escusado será dizer que nesse dia não tive hipótese de ir conhecer o resto da biblioteca e que foi difícil arrancar a Peninha de lá.

Voltei lá outro dia para conhecer as salas dos "crescidos" e a satisfação não foi menor que da primeira visita: livros que eu tive na mão nas livrarias, mas que devido ao preço não adquiri. Adorei a sensação de lá voltar a estar! Quero regressar muitas vezes!

Férias solidárias

Gostamos de viajar. A 2, a 3 e a 5 e mais. Mas a verdade é que temos feito viagens muito giras a 2 e a Peninha ainda não está propriamente na fase de poder ir conhecer capitais europeias de forma descomplicada para nós. Não temos muitas férias, o orçamento também tem uma gestão difícil, mas sempre que podemos lá vamos nós!

Houve uma viagem que nos marcou muito - um país da América do Sul. Conhecemos partes da Europa, sítio a que estamos acostumados em todos os aspetos, conhecemos de forma ligeira uma parte do Norte de África, mas não sei o que falhou nesta viagem: todos nos diziam que era espetacular e lindo e eu cheguei lá e só vi miséria. Era um misto de querer ver tudo e de querer vir embora no avião seguinte!...

Quando aterrámos na linda e maravilhosa Europa, começámos a programar as próximas férias fora do velho continente. E a primeira coisa que decidimos foi que queríamos mais do que ir ver, ir ajudar! Descobrimos a Aventura Solidária da AMI, mas esta coloque alguns entraves ao nosso estilo de vida, nomeadamente as datas serem estipuladas pela organização. Entretanto já temos outra associação que também promove o tipo de voluntariado que pretendemos e por isso estamos a tratar de tudo para um dia se realizar.

Empreita

Como andam por estes dias as minhas lides da empreita?

Palma natural: o meu padrinho, algarvio de gema e filho de mãe que fazia empreita, quando eu lhe disse que fazia empreita disse que ia apanhar palma para mim. Ouviram-se logo as vozes femininas "não acredites nisso? ele?" blá, blá, blá. Mas não é que no outro dia tinha três lindos molhes de palma pronta a usar oferecidos por ele? Foi só humedecer! De todas as prendas que os meus padrinhos me deram nestes anos da vida (nunca sabiam o que haviam de dar, mas sempre me deram coisas que ainda hoje tenho! Ou recordo com gosto), esta foi sem dúvida muito especial. É diferente de trabalhar da palma enxofrada, obviamente, mas gostei muito.

Coser a empreita: é vergonhoso... mas digo-o aqui - consegui coser 3 cestas de palma ao contrário. Irra! Desmontei uma e fiz porta-chaves da trança, porque obviamente estava danificada. Desmanchei outra e fiz um abanador e depois do debrum ficou bonitinho na parte danificada. Tenho outra para desmanchar. Mas pus na cabeça que tinha de saber coser. Para quê fazer trança de empreita se depois não fizesse o produto final? E assim, num Domingo, comecei a coser e arranjei a mnemónica para não voltar a errar. Porque infelizmente só no final eu noto que está mal cosido, quando vou fazer o debrum (embora agora acho que já consigo ver a diferença). Aconteceu logo na primeira cesta que cosi. Mas agora acho que já ultrapassei isto!

Apanha de palma: fui com o meu pai e algumas das mais pequenas da família apanhar palma. Fiquei um bocado estupefacta quando as meninas disseram que queriam ir, uma vez que elas nem sabiam o que era - só sabiam que era no campo. Afastámo-nos um bocado da aldeia onde os meus pais moram a lá tinha umas lindas palmeiras anãs. E depois o meu pai fez as lides de uma forma tão própria dele!
Lá viemos os 4 carregadinhos de palma, que ficou a secar em casa dos meus pais. Este inverno não devo precisar de comprar palma, com a que tenho ainda e com mais este carregamento.

Em suma, a prática faz de facto a diferença e já faço uma baracinha bonita e forte, já coso melhor e os remates estão no bom caminho!

Bimby: ter ou não ter?

Agora vou tocar em egos...
Porque a uns foi o melhor que já lhes aconteceu, não vivem sem ela, vale cada euro, dá-lhes muitas alegrias, facilita o dia-a-dia, fizeram coisas que não fariam se não a tivessem,...
Porque a outros não conseguem ver que mais-valias traria, gostam é da colher de pau e do tacho, acham exorbitante o preço, viveram sem ela até hoje e não morreram por não a ter, safam-se perfeitamente sem ela,...

Confesso que eu pertenço ao primeiro grupo em muitas das coisas que disse acima, pelas mais variadas razões. Mas acontece que no trabalho, uma parte de nós tem e a outra não tem e a conversa casual mistura-se entre o "ontem fiz isto assim assado" e gostei ou não gostei, correu mal ou correu bem, vou repetir ou nunca mais faço.

Ao longo do tempo, após muitas conversas destas e de utilizarmos a bimby até para triturar sabonetes (desculpa Vorwerk!)... confesso que ao princípio não pensava muito na questão de a ter ou não. Aliás, esta questão é geralmente apresentada por quem a não tem e quem a tem tenta persuadir a que os outros tenham. Mas a verdade é que: a máquina é espetacular. Mas é como uma máquina de café de cápsulas: quanto mais não valia ter uma no hall do prédio e encontrar os vizinhos? Ou é como uma máquina de lavar roupa: os americanos têm uma por prédio, porque é que nós temos de ter uma por cada casa? No que nos tornámos!  

O assunto tem-me andado a corroer e no outro dia dei por mim a pensar em vender a minha bimby. Não o vou fazer, por variadíssimas razões, mas a razão é simples e repito: a máquina é espetacular, mas não é mais do que um bom triturador que aquece, coze a vapor e pesa. E um bom triturador fará muito do que a bimby faz, tendo de ser as funções acima complementadas. Mas é só isso. Porque o que faz ali diferença (eu sei que o que eu vou dizer não é descobrir a pólvora...) é a maneira simples e estruturada de apresentar a maneira de fazer.

Gosto muito do livro "A cozinheira das cozinheiras", de Rosa Maria. Um clássico, um Pantagruel condensado, um livro de bolso que desde que o conheci não dispenso ter na cozinha porque é como se a minha mãe estivesse ali dentro para me dar respostas culinárias a tudo e mais alguma coisa. Mas... a Rosa Maria (nada contra a senhora, antes pelo contrário), mulher do seu tempo e não mulher do marketing culinário moderno, faltam-lhe estar escarrapachados no livro algumas coisas elementares que no antigamente todas sabiam (ponto de blábláblá, que tenho logo de ir a correr ao Google e acabo a ler coisas diferentes do Brasil e de Portugal...). E na bimby? Na bimby está lá tudo - é à prova de tótó. Primeiro os ingredientes - se tem todos continua, senão procura receita parecida com os que tem; depois os passos devidamente separados e bem escritos, sem aso a erros de velocidade, duração ou temperatura.

Lá em casa eu não cozinho em regra - é o PenaMan quem o faz. Eu só brinco na bimby e aproveito e faço coisas por capricho. E ele não usa a bimby. E eu se hoje fosse comprar uma bimby? Comprava um bom triturador e uma boa batedeira!

Carteira de Patchwork

O não gostar de comprar coisas faz com que não esteja habituada a gastar dinheiro em comprar coisas e que tente sempre que as coisas sejam duradouras. Tento também que sejam locais e que tenham alguma história. Por vezes gostava até de fazê-las, mas não consigo fazer tudo o que quero.

A carteira de patchwork foi uma dessas odisseias.

Primeiro mandei vir uma carteira do OLX. Preço acessível, bem feita e relativamente local. O problema foi quando ela se começou a estragar. Nada de especial, a patilha do fecho partiu-se, mas pensei que estava na altura de a trocar antes de estar mesmo estragada e eu não ter outra. Parecia simples: fui ao OLX procurar... mas não encontrei nada semelhante. Entretanto punha-se a hipótese de mandar vir uma carteira da China a preço.. da China. Nem pensar.

Começaram as feiras locais por aqui e assim que vi uma artesã de patchwork, lá fui eu de carteira na mão perguntar se fazia. Não perguntei o valor, nem quanto tempo demoraria até estar pronta: isso não estava em questão. Para meu espanto, a primeira artesã disse-me que não, que aquilo não fazia. Enfim, não ia desistir à primeira. Mas a segunda, a terceira, ... todas me disseram que não. Fiquei para morrer! Será que nunca ia encontrar? A dita carteira parecia ser uma coisa simples! Mas a minha pouca prática em coisas pequenas na máquina de costura era um entrave, a falta de tempo de momento outro, e queria algo bom e bonito.

Até que finalmente encontrei. Resultado: depois da minha carteira estar pronta, houve logo quem quisesse uma do género, pedida à mesma artesã. Para mim, é assim que se dinamiza o artesanato e o comércio local.

Auto-conhecimento

A vida tem tido a simpatia de me ensinar bastantes coisas, algumas de uma forma mais agradável que outras. Todos os dias tento ser uma pessoa melhor, dentro dos aspectos que valorizo e que acho que são melhores para o mundo em geral. Mas ser assim e levar constantemente com o outro lado da moeda custa muito. Pior: magoa mesmo. Ainda assim, tenho a informar que: não desisto hoje nem amanhã, nem espero desistir outro dia de ser quem sou, como sou e como acho que deve ser e é melhor.

quarta-feira, 9 de março de 2016

dizer não a um emprego

Sou portadora desde o meu primeiro emprego daquilo a que se pode denominar felicidade profissional: gosto do que faço, embora já tenha feito coisas muito diferentes umas das outras, raras vezes fui trabalhar contra vontade (embora também faça, obviamente, coisas que não gosto e fi-las em todos os sítios por onde passei - de forma ardilosa ou não), gosto das férias tanto como gosto de trabalhar, não sofro de desejo incessante de fim-de-semana nem de ódio a segundas-feiras.

Mas, como em todas as áreas que tocam a nossa vida ocidental, também na área profissional se tem de fazer mudanças de quando em vez: quando nos obrigam ou quando nos obrigamos nós mesmos. Porque para melhor muda-se sempre!

Poderiam caraterizar a minha vida profissional de diversas formas: progressiva, ascendente, satisfatória, o que seja! A verdade é que me dá algum orgulho olhar para trás e para o que fiz e isso para mim é suficiente.

Acabei por gostar mais de algumas áreas do que esperava e de gostar de outras menos do que esperava. O que não esperava era que um dia, sendo mãe, tivesse de dizer que não aquilo que até parecia ser uma boa oportunidade de progressão de carreira numa área que gosto porque o vencimento era... insatisfatório. Por insatisfatório refira-se: não chegava para pagar as contas e não saberíamos se o risco compensaria, embora eu gostasse de poder ter tido oportunidade de saber. Há sempre uma primeira vez para tudo e esta foi uma primeira vez para mim.

Guru de 2016 - João Garcia

Sabe quem me conhece que não sou pessoa dada a gurus: não tenho ídolos desportivos, à exceção das grandes lendas do desporto que admiro, mas não tenho em patamar de guru; não sei nomes de atores ou atrizes de cinema, mesmo aqueles que até acho que gostava de ter na minha vida (quem me tenta explicar que viu um filme com o XPTO e a BLABLA fica demasiado frustrado por eu não saber minimamente de quem estão a falar, como se estivessem a falar com uma marciana...); gosto de conhecer grandes personalidades, mas fico apenas com o conhecimento e não com a ambição de seguir pegadas ou realizar feitos de semelhante grandeza.

No entanto, este ano tenho um guru, que não conheço pessoalmente e que, apesar de saber quem é pelo mediatismo que o envolve, caiu-me acidentalmente nos braços a sua história: comprei um lote de livros no OLX que, entre outros, tinha um livro dele. Adquiri o lote de livros pelo conjunto e preço, mas o livro dele não era de forma alguma uma mais valia para preferir aquele lote a qualquer outro.

Estava no início do ano a ler um livro relacionado com história e religião e, às páginas tantas, não me motivava o suficiente para lê-lo... Detesto não acabar de ler um livro, seja ele qual for, mas a verdade é que com o crescimento exponencial da informação e com tudo o que há para fazer nesta vida de tão pouco tempo para tudo e sobretudo para o que se gosta, decidi arrumar o livro por tempo indefinido. Desde que uso a Winkingbooks que não me censuro ao faze-lo, porque a maioria das vezes disponibilizo os livros e eles lá seguem o seu caminho para alguém que os usará, sem me ralar com o custo financeiro e de oportunidade. Além do mais, também graças a esta plataforma tenho sempre livros para ler, sem ter de perder horas, como antes me acontecia, a ver imensos livros para escolher qual ou quais comprar e a ter vontade de chorar na caixa aquando do pagamento pela fortuna que me pedem por umas páginas escritas. E adoro quando algum dos livros que enviei volta a ficar disponível e vou ver por quantos utilizadores já passou: fico mesmo contente, como uma criança numa loja de doces! A forma fácil de enviar e receber delicia-me!

Abri a porta do armário dos livros que está na sala e, com ar de cientista, comecei a ver títulos e autores (em quase modo de livraria, com a diferença que todos os livros que lá estão eu quero ler, pois fui eu quem os mandou vir) e decidi pegar "A mais alta solidão" de João Garcia. Li a sinopse e pareceu-me bastante interessante. Depois dizia "Prefácio de Miguel Sousa Tavares" e preparei-me para 20 páginas de opinião. Fiquei surpreendida por serem duas páginas e um excelente texto.

Continuei por ali fora e em alguns dias estava lido e eu estava uma fã do João Garcia, uma conhecedora de termos de alpinismo e da modalidade (até ali latamente desconhecida para mim) e uma profeta de aventuras de montanha e superação humana física e psicológica. Evangelizei todos pela família e alguns amigos. Gosto de ser contemporânea da aventura vivida e esbocei planos de férias futuras dentro do conceito.

Fiquei a perceber que os alpinistas de sucesso são super atletas, que é possivelmente a modalidade desportiva com a maior taxa de mortalidade de atletas e comecei a respeitar esta modalidade e meio da mesma maneira que respeito o mar, este último meu conhecido há muito tempo!... Podia falar horas deste senhor que não conheço, mas cuja história de vida me impressionou e acabei por adquirir dois livros dele, que entretanto já li e que, embora sejam repetitivos em algumas partes, acabam por encetar a personalidade e a experiência de vida de uma forma mais completa que apenas um livro.
Para mim o João Garcia era o senhor que "ficou sem nariz e sem pontas dos dedos" e resumia-se apenas a isso - hoje é bem mais que isso! A motivação e a força de vontade em conseguir objetivos são brutais e o resumo disso está bem encetado no prefácio do livro.

Um livro está emprestado, o outro chegou hoje via Winkingbooks a alguém que espero que goste tanto dele como eu gostei.

oats overnight

Já se sabe que estrangeirismos é algo que abomino: scanear em vez de digitalizar, printar em vez de imprimir, entre outras pérolas com que sou brindada diariamente (ou não fosse esta a capital do algarvean english...)

Mas ultimamente andamos a tentar batizar com um bom termo português os Oats Overnight!
Apesar de bastante trabalhoso de preparar (1 ou 5 dá o mesmo trabalho), é saudável, fácil de transportar e prático de comer, além de que facilita muito o pequeno-almoço. E é tão agradável de ver!

Crescer que nem Cogumelos

Havia já muito tempo que queria fazer a experiência doméstica da caixa de cogumelos que se pulveriza com água duas vezes por dia e crescem cogumelos para comer. Já tinha acompanhado nas redes sociais os cogumelos das minhas amigas e os seus cozinhados consequentes, mas ainda não tinha surgido a minha vez.
Estive perto da experiência quando mandei vir, dentro do mesmo conceito, mas para plantar na horta. A verdade é que não correu bem e por isso adiámos a experiência. É que as caixinhas da cozinha eram um pouco caras, ou não fosse ser um conceito na moda e gourmet!

Em Janeiro passado, apresentou-se a dificuldade de ter de comprar uma prenda de aniversário para uma das crianças da família. Era um problema com muitas vertentes: não sabíamos qual dos dois miúdos era o aniversariante, não convivemos tanto com eles que saibamos o que querem, o que têm e o que gostam (e respetivos não querem, não têm e não gostam), não queríamos gastar muito dinheiro, queríamos que fosse minimamente personalizado (oposto a um cheque oferta qualquer), queríamos que fosse algo com utilidade e sem futilidade e queríamos dar algo original e que não corrêssemos o risco de alguém oferecer o mesmo.

Andava aqui à espera que a internet me desse a resposta e apareceu-me uma promoção da Cogus Box. Pensei na simplicidade das pessoas que são, com gostos pela culinária doméstica, mandei vir e rezei que corresse bem. Depois de chegar cheguei a pensar que o miúdo não ia achar piada - era uma caixa de papelão com quase 2 kg cheia de terra lá dentro. Afinal era o miúdo mais novo e ficou excitadíssimo! Pensei que fosse demorar muito tempo a crescer e que ele não ia ligar nenhuma áquilo.

A verdade é que acabou por ser um elo de contacto entre família, havendo envio de fotos do cogumelo que tanto orgulhou os seus produtores e consequentes cozinheiros!

Depois tive de obviamente mandar vir lá para casa uma caixa. Fiquei eu encarregue de pulverizar a dita, para não se correr o risco de regas duplas ou nulas. A experiência desenvolveu-se numa altura em que tivemos bastante movimento em casa e por isso foi muito engraçado, porque via-se o crescimento praticamente a olho nu e todos se divertiam. A diferença ao longo do dia na segunda semana é notória. Chegou o dia de apanhar os cogumelos e decidimos que seriam acompanhados com massa caseira. Adorámos: muito saborosos, um sabor muito fresco. E a Peninha maravilhada com tal facto também.

A mesma caixa deu 3 colheitas e já temos uma nova caixa a encetar em breve.

SMSs

Quero publicamente agradecer a todas as bases de dados de marketing de produtos dispensáveis e dos quais abdiquei, a sua fidelidade! Há SMSs que recebo diariamente há vários anos, sem nunca ter gasto dinheiro para que tal aconteça. A essas marcas e departamentos de Marketing, parabenizo pelo esforço e empenho em me tentarem convencer a gastar os meus parcos rendimentos em futilidades e coisas de proveniência e qualidade duvidosa. É para vocês este texto: um grande bem haja!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Via Algarviana - estreia de BTT

Peninha entregue a uma avó, PenaMan e eu de bicicletas na carrinha devidamente transformada para o efeito. O PenaMan tem bicicleta, embora em estado já um pouco duvidoso para estas andanças... Eu como não tenho, recorro à "loja do bairro" que aluga bicicletas e imagine-se só o luxo: no dia que fomos passear com a criançada levei uma linda azulinha clara com cestinho e cadeirinha para criança; no dia da BTT, levei uma bicicleta com suspensão à frente e tudo! Só não tinha suspensão atrás porque como sou pequenina (não vou revelar a minha modesta altura...), não tinham.

Escolhemos dos percursos disponíveis no site da Câmara Municipal de Loulé um não demasiado agressivo, não demasiado longe de casa, mas em que aproveitássemos o ir só os dois e sem miúdos. Pensávamos nós!... Fomos até Querença e o objetivo era fazer o percurso de BTT de 15 km. Começou com uma grande grande descida e por isso já se sabia que iria ter grandes grandes subidas. E assim foi: metade na bicicleta, metade a carregar com ela... Ao fim de alguns quilómetros percebemos que não estávamos a voltar para Querença, que já devíamos estar noutro trilho, porque nos limitámos a seguir as indicações da Via Algarviana (indicações essas que em algumas partes do trilho estavam a menos, ao contrário da experiência que temos com as Pequenas Rotas pedestres que fizemos). Indicações de BTT só vimos uma!...

A certa altura, em que estávamos a chegar a Loulé, decidimos abandonar o plano inicial e ir de bicicleta até casa e depois íamos buscar a carrinha a Querença. Foi giro, à noite as pernas doiam como tudo, mas no dia seguinte estávamos em forma.

Até à data prefiro o pedestre ao BTT... Daqui a 15 dias há passeio de família com outras famílias e a nossa também!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Retoma das lides artesanais 2016

Ontem à noite, após fechar a oficina do Pai Natal e ter tido o meu merecido descanso artesanal, retomei as minhas lides artesanais. Ando a rebentar de ideias para fazer: patchwork, costura e... empreita!
 
Desde o workshop de Novembro ainda não tinha voltado à empreita, por isso a palma que usei foi a que a querida formadora me deu para praticar. Acho que esta é uma das coisas que me está nos genes e me dá um gozo imenso fazer! A originalidade desta arte criada por quem tão pouco sabia, mas tanto fazia! Quero fazer muitas coisas de empreita: tapetes, naperons, cestas, malas,... Ainda não sei o que vou fazer e olhando para a trança começada, avalio algumas trapalhices que sei que depois me vão chatear mais à frente. Mas não estou preocupada com o produto final: como diziam os antigos, a empreita pede!
Olhei no outro dia para uma cesta de empreita que me ofereceram à pouco tempo e consegui avaliar alguns defeitos na sua costura - isto promete!
 
Antes de voltar à empreita, adquiri logo na loja de Loulé palma porque sabia que a que tinha trazido não era muita e o vício da empreita depois não pára. Tenho todo o trabalho de rachar, cortar, separar, remolho e ripar para fazer antes de continuar a minha trança (na foto vê-se a trança começada e debaixo desta a palma enxofrada em bruto)
.
O nó do início foi a forma que consegui, pois não consegui memorizar essa parte. Mas vou querer futuramente aprofundar a arte da empreita, pelo que voltarei a São Brás de Alportel para saber fazer o começo e certamente também terei dificuldades na costura - muita gente antiga diz que sabe fazer empreita, mas não sabe coser, incluindo o meu pai.
 
Esta arte faz parte do meu orgulho de ser algarvia!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Via Algarviana

Esta foi uma descoberta espetacular de um trabalho espetacularmente bem feito!

Com as prendas de Natal não eletrónicas, cada um dos miúdos recebeu uma bicicleta, à exceção da Peninha que recebeu uma cadeira para andar de bicicleta e um capacete. No ano passado os mais crescidos receberam os equipamentos de proteção, este Natal receberam o motivo para os usarem mais amiúde. O mais velho adorou a sua única prenda de Natal que foi a sua primeira bicicleta com mudanças! O PenaMan já tem bicicleta, onde se instalou a cadeirinha da Peninha. Eu sou a única sem bicicleta: quando me mudei de Lisboa para cá deixei a bicicleta para que a levassem, pois era difícil de transportar e estava a precisar de manutenção. Assim, para andar de bicicleta alugo uma na loja ao lado de casa. Na verdade nós só temos uma drogaria, um café, uma loja de loiças sanitárias, uma reparadora de vidros automóveis, uma loja de artesanato e a loja de bicicletas perto de nós.

Desta vez alugámos com cadeirinha também, pois a pequena do meio não se aguenta ainda em grandes pedaladas e lá fomos os dois a pedalar cada um com a sua donzela e o mais velho orgulhosamente na sua bicicleta.

Mas porque não dá para por tanta bicicleta e cadeirinhas e pessoas na nossa carrinha, e porque a loja das bicicletas fecha ao fim-de-semana e assim não podíamos alugar bicicletas, acabámos por optar por um passeio a pé no campo: a Fonte da Benémola. Neste dia correu menos bem porque a chuva fez-nos terminar o dia mais cedo e também não demos a importância devida à sinalização. Mas dois dias depois incluímos a avó e fomos à Rocha da Pena, onde há já muito queríamos ir, pela história da mesma. E lá fomos. Ficámos surpreendidos com a boa marcação do percurso ou tecnicamente falando a PR: Pequena Rota. A sinalização era fácil de entender e estava em sítios onde se via bem e em bom estado de conservação, sem lixo algum. Todos adorámos!

Quando chegámos a casa fomos investigar esta tal Via Algarviana, de que já tínhamos ouvido falar (o meu irmão faz há algum tempo trilhos da Grande Rota). No site da Câmara Municipal de Loulé conseguimos fazer download dos PDFs dos trilhos do concelho pedestres e de BTT. Assim, escolhemos uma PR para o dia a seguir, mas uma das pequenas, porque os pequenotes não conseguem fazer muitos quilómetros.

Temos agendadas mais PR para breve a 3 e quem sabe por um destes dias vamos à GR! Mas recomendamos vivamente!

domingo, 3 de janeiro de 2016

Resultado da Oficina do Pai Natal 2015

Mala de bonecas
Fizémos duas malas, mas com interiores diferentes, por forma a que as meninas consigam diferenciar qual é a de quem. Embora tenha o nome escrito no lado de fora em tecido, elas não sabem ler ainda. A imagem é de uma delas: a boneca é do Continente, uma boneca para mais de 6 anos para serem as meninas a construir. Mas confesso que achei muito difícil, uma vez que as cores da cara têm de ser cosidas com agulha de metal, furando o tecido e as peças de veludo são muito pequenas e por isso difíceis de segurar. Alterei um pouco o formato da boneca por forma a ser transformável em menino se necessário. À boneca cosi pedaços de velcro fêmea para a roupa, sapatos e cabelo agarrarem e o interior da boneca é uma mica forte e não o enchimento que vinha com a mesma, por forma a não ficar mole. A boneca está presa à mala também com velcro.

O ursinho da boneca foi decorado com caneta cola de brilhantes que uso com muita frequência nas decorações das crianças cá de casa, por ter um bonito acabamento, ter um preço acessível e boa secagem. Está preso à mala com velcro e cada mala tem um urso diferente.

O armário está cosido à mala nas laterais e base e a roupa fica arrumada lá dentro, entrando pelo topo do mesmo. Também pode ficar pendurado no cabido, que está cosido à mala e que tem velcro fêmea para a roupa lá se prender. A versão que me inspirei tinha no lado direito da mala uma cama, mas não gostei muito desse detalhe.

Para cada mala fiz cabelos, sapatos, vestidos, camisolas e calças.

No final, o PenaMan pôs os fechos e as pegas e ficaram assim duas bonitas malas que se dobram ao meio para as poderem levar para qualquer lado.


Casa de bonecas
Era um antigo móvel bar preto que lixei levemente, dei primário para madeira e pintei de "flor de Yuca" da CIN, cor que temos nas paredes cá de casa. O PenaMan colocou soalho flutuante autocolante no chão dos quartos. Em todas as divisões da casa há janelas e cortinas adequadas, bem como decoração nas paredes e candeeiros no tecto. Os cortinados dos quartos e sala foram unidos com bordado inglês e na cozinha e na casa de banho apenas coloquei uma faixa de bordado inglês para embelezar.
Candeeiros: nariz de palhaço da Operação Nariz Vermelho, Ovo surpresa de ovos de chocolate da Barbie (cor de rosa), tubo de fita cola, meia caixa do nariz de palhaço.
As camas são sacos de plástico com esferovite forradas com tecido. As cabeceiras são tecido autocolante na parede embelezadas com bordado inglês. Os lençóis são entretela. Todos os tapetes são tecido autocolante com bordado inglês a embelezar. No quarto maior fiz de uma caixa de whiskey um armário de roupa, colando as duas metades com cola quente à parede. Colocámos um varão de arame e de clips fizémos os cabides da roupa. De uma caixa de cartão redonda fizémos a sapateira.
Como a lavandaria e a cozinha eram o mais difícil de concretizar, limitei-me a desenhar os seus componentes e a colá-los em duas paredes.
A banheira da casa de banho é o interior de uma caixa de bombons: uma metade desfundei e colei na outra. A sanita é um tubo de papel higiénico moldado e o lavatório é uma bobine de linha de costura industrial forrado a tecido autocolante. As toneiras são feitas de clips. Todas as loiças foram coladas com cola quente. O espelho é de papel de alumínio. 
O sofá foi feito da mesma maneira que as camas e a mesa é feita de cartão e os bancos de rolhas de cortiça.
Foram 5 noites de muitas horas de decoração e julgo que em breve redecorarei algumas divisões por não terem ficado a meu gosto.


Marionetas dos 3 Porquinhos e do Lobo Mau
Cortei os moldes em lona e vesti cada um  dos porquinhos. Os olhos (e nariz do lobo mau) são botões e foi tudo cosido à mão. Com 2 pares de meias forrei tubos de papel higiénico e colei com cola quente as figuras aos tubos: a base não está tapada, para poderem ser segurados por aí.

Simples de fazer, fácil de gostar

Passou mais de um mês desde a última vez que consegui publicar qualquer coisa por aqui... Foi o aniversário da Peninha (festa na escola, festa em casa) e a oficina do Pai Natal esteve em elevada produção cá por casa. Juntou-se a isso o Natal, a passagem de ano e 15 dias de empresa fechada e por isso o consequente volume excepcional de trabalho de trabalhar em 15 dias por 30! Ainda as férias da criançada!...

Mas falemos do que interessa por agora.
A Peninha comemorou o seu terceiro aniversário, para mim a maioridade na pequena infância. Na reunião de pais do início da escola em Setembro falou-se acerca dos bolos de aniversário na escola: simples, porque quase todos os dias alguém faz anos,  ou não fossem quase 100 crianças... Há inclusivamente dias em que há vários aniversariantes, por isso eles comem com bastante frequência bolo de aniversário. Aliás, a Peninha sabe cantar a música dos parabéns e isso não aconteceu à toa. 
Como a hora do lanche de todas as salas é num curto espaço de tempo, todos comem bolo, mas como têm de lanchar antes um bolo de um quilo chega para todos: é só um bocadinho e sem cremes.

Obviamente que entendi a mensagem mas não queria deixar de fazer um bolo especial, de algo que ela gostasse e fosse fácil. Perguntei ao pai se queria assumir ele a responsabilidade do bolo, uma vez que no ano passado já tinha ficado ao nosso critério (chifon com cobertura de chocolate branco com smarties: os miúdos adoraram mas nós achámos que tinha ficado excessivamente doce). 

Também não é costume cá em casa se comprar o bolo de aniversário, é um projecto caseiro cuja execução fica para o PenaMan e cuja decoração fica para mim. Como é um aniversário em pleno inverno limita mais as opções de decoração (chantilly está fora de questão) e como habitualmente é de chocolate ficam automaticamente excluídas coberturas de chocolate branco para não ser enjoativo de doce, sobretudo se for chifon. Para ajudar na decoração, o PenaMan decidiu fazer um bolo de chocolate diferente do tradicional chifon, que ficou muito húmido e fofinho.

A história favorita da Peninha, até ver, é os Três Porquinhos e o Lobo Mau. Não há dia em que não se fale deste último cá por casa! Assim, decidi googlar nas imagens "Bolo dos Três Porquinhos e Lobo Mau". Como tinha de ser simples, por eu ser a responsável da decoração mas não ser um ás na tarefa, apenas uma pessoa esforçada, escolhi um bolo que era coberto de chocolate e em que os três porquinhos estavam a boiar e o lobo a espreitar. Decidi fazer de massapão, com amêndoa e açúcar por ser fácil de modelar e fazer (usei a receita base do livro da bimby).

O final não foi tão similar ao que me inspirei quanto quereria, mas achei que ficou muito engraçado. A Peninha e os meninos da sala dela adoraram e acabaram por dividir as figuras entre eles, o que confesso me deixou bastante feliz.

As cabeças ficaram presas ao corpo com palitos de madeira e os olhos são bolas de adoçante. Os furos do nariz foram também feitos com palitos. A massa ficou muito gordurosa: agora já sei que deverei futuramente cozinhar um pouco a massa para que perca a gordura da amêndoa e dispensa a clara de ovo. No lobo mau usei corante alimentar, mas quando depois foi a festinha cá em casa ficaram todos da mesma cor, uma vez que não gostei muito do resultado final. Também no bolo da festa cá de casa fiz uns pezinhos aos porquinhos, mas o bolo da foto foi o que ficou mais bonito.