sexta-feira, 19 de junho de 2015

Estreia

Mais uma estreia na minha maternidade: o chichi de berma de estrada.

Aquele chichi que já todos vimos, em que um adulto, em regra um progenitor ou próximo, após ouvir a expressão "tenho chichi" manda o carro para a berma no mais imediato possível, sai a correr do carro sem olhar sequer para onde está nem onde está a pisar, abre a porta mais próxima da criança, desaperta o cinto de segurança como se não houvesse amanhã e retira a criança do carro, olhando rapidamente com olhos esbugalhados q.b. para a cadeira a temer o pior, embora sem oportunidade de fazer o que quer que seja no momento se o pior se confirmar.

Tira-se a roupa da criança e inicia-se a posição em que a criança de cócoras fixa assente nos braços do adulto e inicia a tão esperada necessidade fisiológica. No fim um alívio de todos :)

Persona non Grata

Aconteceu-me um episódio a que nem sei como hei-de qualificar no FB. Num grupo a que pertenço de assuntos domésticos e dicas, uma pessoa colocou o reaproveitamento de um frasco de shampo, onde ao cortar umas parte e forrando era transformado num suporte para colocar, por exemplo, o telemóvel.

Comentei que o interessante não é reaproveitar algo que precisou de ser fabricado (plástico, muito plástico têm os frascos de shampoo), mas sim evitar o lixo, que depois transformamos e modernamente chamamos reciclagem como se fosse a última bolacha do pacote.
Seguiram-se muitos "uau", "amo", "adoro", "genial" e eu nem consegui reagir - para quê? Educar adultos é demasiado para mim, já com crianças batalho q.b.

E não é que, quando vieram novas notificações e fui verificar, o meu comentário tinha sido apagado. Ainda não me tinha acontecido... Já me tinha acontecido eu fazer um comentário humorado sobre aparência de uma celebridade portuguesa largamente comentada pelo cibermundo numa página e alguém ter vindo armada em Madre Teresa com aura, ao que eu tive de responder à altura e fui brindada com quase tantos likes como a publicação original. E por aí se ficou, que a página também soube rematar em graça... Eu que nunca teço esses comentários.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Consultoria de moda

Desde sempre que não gosto de comprar roupa. Custa-me de morte dar dinheiro por roupa, adoro quando me oferecem roupa e mesmo usada que seja. Detesto o ter de ir a um sítio ver roupa: a maior parte não me agrada que sou esquisita q.b., experimentar ainda é maior suplício... e o tempo que se perde? E o gostar só de coisas que não estão ao alcance da minha carteira?

O FB em particular e a Internet em geral vieram dar-me uma ajudona com as lojas online: outlets e lowcosts sem sair de casa, entregue à porta. É que para quem não gosta da tarefa, os portes acabam por sair sempre em conta.

Descobri uma loja no FB que satisfazia todas as necessidades em conjunto: o acesso fácil que já referi acima, barata, roupa gira para todos os gostos e com muito muito chifon, que seca depressa e não necessita engomar (para mim). O tempo de entrega é que era entre 30 a 45 dias. Fiz a experiência e amei: envelope em chinês à porta dentro do prazo, sem stresses de alfândega que por aí relatam, fidedigno à imagem. Obviamente que voltei a encomendar.

No outro dia, eu e o PenaMan demo-nos ao luxo de ir almoçar fora os dois, em dia de trabalho. Fomos a um restaurante que não conhecíamos, enfim, serviço e comida abaixo do que gostamos, preço acima do que queríamos, cruz na porta no final.

Mas durante o almoço, ele comentou:
- Essa camisa tem o corte mesmo mal feito.
Juro que fiquei para morrer: ele nunca comenta nada, mas menos comenta ainda se for depreciativo. Os únicos comentários que recordo dele são "fica bem", "estás gira", algumas vezes em resposta à pergunta que eu faço.

Claro que não me fiquei, que eu estava morta de orgulho na pechincha:
- Mas foi barata e até é gira e (blábláblá)

Ele continuou a olhar para mim, sem expressão na cara e disse:
- O corte está mal feito. E vem da China. Onde é que estás a ajudar o comércio local? Onde está a tua consciência ambiental?

Morri de vergonha nesse momento... Quando cheguei ao escritório googlei "roupa senhora made in Portugal". Mentira: primeiro tentei made in Algarve mas o resultado já se está a ver, não é? Encontrei uma marca e, para meu grandessíssimo espanto só aqui no bairro há duas lojas que a comercializam.
Será perto e com um motivo maior. Até lá, as minhas desculpas.

Upcycling

Numa onda de upcycling: aproveitar um armário de madeira do IKEA que já não tinha as prateleiras e estava desmontado a um canto à espera de ser utilizado, somando o facto de vivermos numa casa de campo e da cozinha estar a pedir reforma em alguns armários, mas sem orçamento no médio prazo para tal e ainda os produtos da horta que vêm do quintal directamente para a cozinha e sempre com alguma terra que é feia de ver no plástico mas não nestas caixas. 
Preferimos sempre materiais naturais a sintéticos quando possível e queríamos que o nosso carrinho de plástico das verduras e legumes fosse para outro sítio.
A caixa do topo aumentei em altura com duas ripas de outra caixa idêntica. Cortei o armário ao meio com ajuda do tic tic, rebarbadora e do PenaMan






, que também ajudou a reforçar a estrutura com algumas traves de madeira extra que tínhamos por aqui e a fazer bases extra para as prateleiras. Com restos de soalho flutuante que não passa disso por já não ser possível usar, fiz as prateleiras. Dei bondex acetinado transparente em tudo (2 demãos), excepto nas prateleiras de soalho.
A altura das prateleiras pode ser a gosto. A altura do armário são 87cm por 60cm de largura.
Espero que gostem! Foi relativamente fácil de fazer, embora tenha ficado bastante diferente da ideia inicial smile emoticon

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Habemus!

Foram dias de vómitos e diarreia, tentativa de dieta "não quéu chá", "não quéu massinha" em alusão à canja e "não quéu futa aquela" em alusão à fruta cozida, descanso obrigatório em casa com PenaMan e avó Dinda, para não contagiar todas as crianças da escola.
No fim, após comer arroz em barda, eis que os intestinos puseram a sua versão Metro de Lisboa 2015: Greve! Foram alguns dias em que estiveram ausentes da nossa rotina. Mas o bacio e o xixi em altas, sem fazer na cueca e sempre a pedir com tempo suficiente.

Esta noite presenciei um dos episódios mais hilariantes de sempre, que deram direito a rir de noite ainda e de manhã...
Peninha acorda e grita: "Papá, xixi" repetidamente. Ela sabe que é ele quem lá vai, porque eu sou fraca demais para estes números e acaba irremediavelmente na nossa cama e nós a dormir com membros do corpo dela em cima de nós (inclui cabeça) com um mini espacinho para cada um no colchão e nas almofadas...
Papá sai da cama e acode Peninha: eis quando desfilam os dois à minha frente de passagem para a casa de banho, ela à frente de chupeta na boca, com um vestido comprido às riscas e o seu andar de quem ainda tem pé chato, ele atrás dela em modo zoombie a segui-la com o passo emparelhado. Fez-se o xixi e depois o mesmo desfile, mas no sentido casa de banho. Foi a primeira vez que ela pediu o xixi  à noite :)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Última hora!

Fui a um casamento, daqueles casamentos que nos divertimos muito muito muito. E que adoramos lá estar, quase como se fosse o nosso.

Final do longo dia, tentar ir embora e não nos deixarem... Bouquet da noiva: vem sempre contra mim desde que me lembro. Desta vez, atendendo à concorrência, não me afastei e apanhei-o! :)

XX vs XY

Ora, o que não é igual, já dizia La Palice, é diferente. Este fim de semana vamos estar de folga um do outro, ele para um lado fazer coisas que quer, eu para outro lado fazer coisas que quero. Ninguém empata, ninguém obriga, ninguém se ofende com a falta do outro, está tudo como se quer. Não interessa se se gosta ou não do que o outro vai fazer, cada um é livre e decidiu o que queria.

Ontem pensei e tratei eu: agendar manutenção pessoal que só posso e consigo fazer ao Sábado, tratar de quem fique com a Peninha durante esse período, tratar de ajudar minha amiga na sua demo de Bimby, combinar com meu pai o fim de semana e fazer o esquema mental dos dias.

Já ele...
Liga a um a perguntar a que horas vão. E como vão? Onde ficam? Ah afinal não é onde pensava. Liga a outro: podes-me ir buscar de onde fico para onde vou? Liga a outro: é a que horas que temos de lá estar? Ainda tem de ir ver a hora do acontecimento, que nenhum dos anteriores telefonemas teve resposta. E onde podem estar. O regresso então nem faz ideia de como será: nem o meio de transporte está definido tão pouco.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

As duas

De tudo o que ela me diz, nada mais me é querido que "as duas".

Significa que ela me quer ao seu lado, por vezes até entre os seus bracinhos, para fazermos qualquer tarefa diária as duas: dormir na mesma cama, tomar banho, ir de carro a algum lado sem mais ninguém... Um dia será um pedido para brinca a duas, quem sabe? O timbre daquela vozinha quando diz "as duas" é a mais linda voz que já ouvi. Lembra-me logo o clássico musical "Isn't she lovely?". E a expressão da cara e dos olhos é de sonho.

Se durante muito tempo "as duas", que não tinha ainda expressão na sua voz, me deixava de certa forma insatisfeita e sabia agridoce, hoje é um momento que ela reserva de si e do seu tempo para estar comigo. Tenho a certeza que ela adora estar a três e a cinco e a seis e a todos quantos fazemos parte da família - aqui família são na maioria os que escolhemos e nos escolheram e não os de sangue necessariamente, de sangue são só alguns.

Agora andamos orgulhosamente "as duas" no desfralde... e se me cair o céu em cima, aqui fica registado o imenso orgulho que tenho neste milagre da vida em que participei e participo todos os dias, mesmo que não estejamos juntas todo o tempo. Estou a adorar esta fase em que ela é uma menina independente. Assim se vai por aqui, feliz! :)

Santa Hipocrisia

Não sei se é uma expressão ou se deverá ser um nome próprio... se um desabafo, uma observação, uma crítica, um ensaio, um comentário.
O que sei é que é um sapo (ou uma sapa) difícil. E como os sapos não têm penas relacionadas, é como me sinto em relação ao assunto. É isso. Ora aqui vai...

Era uma vez, num sítio que tem nome, mas que não interessa, alguém cuja vida sorriu mas nunca percebeu o que isso era. Com pais separados, vivia com a mãe e um irmão. A mãe atravessava as dificuldades da vida de uma mãe que tem dois filhos a cargo e que vive do seu trabalho por conta de outrem, somando-se as dificuldades que ela própria incessantemente insistia em acrescentar de mais, sem esforço próprio para que fossem de menos. Brindada pela sorte, a família acrescentou um elo masculino, mas que apenas foi aceite pela mãe e pelo irmão e recusado para sempre como família por quem falamos aqui. Tudo o mais não é relevante aqui, por agora.

Teve oportunidade de formação e crescimento académico e até concretização familiar tal como ansiava. Mas ansiar não é suficiente: quando não sorrimos de volta, só mostramos os dentes, a vida não percebe se estamos agradecidos pela bênção da vida ou simplesmente a mostrar cuidados de higiene dentária e oral.

Assim, desmontou-se toda uma carreira profissional que poderia ter sido brilhante e a vida familiar andou a balões de oxigénio por um período superior ao devido. Acusações, apontar de dedo... em frente ao espelho. Como numa fórmula científica qualquer, achemos a solução: precisamos de bens materiais, o meio para atingir o fim não interessa. Basta então um ser q.b. que tenha disponibilidade material.

Mudou tudo na vida para outro sítio que também tem nome mas que também não interessa - nada mais interessa que não o que acha estar bem, independentemente de estar ou não. E assim foi: tirou aos filhos toda a família que eles conhecem até ali, incluindo quem os gerou; pô-los a morar longe, numa escola longe, sem amigos de sempre, com promessa de casamento com a alma gémea, mudança para casa maior com tudo do bom e do melhor, pôr mais um ser no mundo rapidamente. Ao de sempre, hipótese apenas de pagar pensão e deslocações sempre que quer estar com os filhos que são seus nos períodos restritos em que lhe é concedido, conforme desígnios que lhe convém.

Voltemos ao início: Era uma vez, num sítio que tem nome, mas que não interessa, alguém que mentiu desde que nasceu e tudo fez para que os outros fossem prejudicados e infelizes. Prometeu sempre sem cumprir e esqueceu-se que um dia recusou um pai que a vida lhe deu e agora obriga os filhos a viverem com alguém que não lhes é nada. E por falar em não ser nada... acredito que a vida lhe vai dar de volta tudo o que pediu sem crer.

Era isto que me andava atravessado na garganta faz tempo... É ou não é hipocrisia?

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Eureka!

Ontem chegou a encomenda dos materiais que estavam em falta para a nossa experiência de alquimia em busca da libertação química dos nossos produtos de higiene. Embora não tenha sido um dos objetivos iniciais do nosso projeto, acabou por se tornar parte do mesmo.

Ao princípio não tínhamos bem a noção de ter tão elevado nível de alquimia, senti até alguns nervos, mas afinal não era tão complicado como poderia parecer - embora tenha sido efetivamente trabalhoso. Contei com a ajuda do PenaMan, o que não estava muito à espera inicialmente, mas que adorei. Ele estava muito cansado, mas muito entusiasmado também.

Senti durante este processo uma nesga de hipocrisia algumas vezes: para se ter todos os produtos necessários à produção dos produtos, houve a dificuldade geográfica de não encontra-los e ter de mandá-los vir, o que implicou obviamente custos, mas sobretudo embalagens e saquinhos e papelinhos... E as embalagens são muitas e pequenas, o que também implica desperdício anafado de recursos.

Começámos pela espuma de barbear: o PenaMan está um pouco saturado de deitar latinhas fora. O que estivemos a produzir será depois aplicado com um pincel, à moda antiga. Eu li receita, indiquei quantidades e procedimentos e ele foi o operacional do processo.

Sujámos utensílios com fartura, mas em suma gostámos da experiência e ficámos com um cheirinho maravilhoso na cozinha, que ainda durava esta manhã. Agora esperamos 24 horas para ver o resultado e um mês para poder começar a utilizar, uma vez que a soda caustica tem de se neutralizar no produto. Certamente as viagens de avião vão ser bem mais simpáticas com um sabonete da barba do que com a latinha do costume...

Próximo passo: champoo em sabonete. Mas entrámos em rutura de stock de alguns materiais... E estávamos cansados, ou não tivéssemos ido antes à praia. Ainda somos muito bâmbis neste processo, tenho imensas dúvidas acerca dos óleos e dos químicos, mas acredito que acabará por se tornar algo bastante interessante a longo prazo. Por agora, estamos tão só no principio.