quinta-feira, 9 de julho de 2015

Tenho uma coisa para te dizer

Pensei que fosse bastante mais complicado do que é na realidade. Sempre que complica a culpa é tua, porque nunca ninguém te pôs no teu lugar e então achas que podes, fazes e mandas e aconteces e pões e dispões, mas aqui não é assim. Aqui vive-se em família e por isso o bem-estar dos nossos é o que mais conta, não os caprichos dos que estão de fora. Aliás, aqui a vida não tem caprichos, porque estamos a endireitar muita coisa que estava torta e assim cortamos o mal pela raiz e só vivemos com o essencial: e é bom. Mas tem de ser mesmas quantidades e medidas para todos os da casa, é o que aplicamos todos os dias.

Educação, gentileza e boas maneiras é o que há para todos e é no que trabalhamos todos os dias. O resto é supérfluo. Não gostamos de miúdos intrometidos na vida dos adultos: nas suas conversas, no "quem é?" quando o telefone toca, nas tentativas de opiniões fundadas em "acho que", embora valorizemos as opiniões fundadas e devidas. Não apreciamos chica-espertice nem gracinhas idiotas, achamos desadequado mesmo.

Valorizamos o bem-estar e o descanso de todos: não acordamos quem dorme se não for necessário, ensinamos onde se põe a roupa suja, como se faz a cama, que o lavatório e a sanita são para ficar limpos após o nosso uso para que o use quem vem a seguir, a arrumar a roupa no armário, que os brinquedos são nos quartos e não no resto da casa toda. Aqui ensinamos que não se mexe nos armários da cozinha nem no frigorífico, porque somos muitos e tem de haver ordem e arrumação. E que tirar roupa do armário também tem regras. Ensinamos que se arruma a cadeira quando se sai da mesa. Ensinamos que os brinquedos da rua ficam arrumados no final da brincadeira e que todos os brinquedos são de todos e dão para todos, caso contrário não servem e por isso deitamos fora.

Aqui chama-se manos aos da família, mesmo sem o serem, porque são de coração. Faz-se birras quando se quer o brinquedo que o outro tem e chorasse de desgosto enquanto o outro continua a brincar porque era a sua vez. Escolhesse filmes para todas as idades e a televisão não é o centro da casa, os livros é que são. Diz-se bom dia quando se acorda. Dá-se uma palmada quando a pimenta chega ao nariz, pede-se desculpa quando se está errado e há castigos se for preciso.

Aqui vive-se assim... porque é a nossa vontade e porque aqui mandamos nós! E somos felizes

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