terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sempre Alerta

Tenho este problema desde o dia em que fui concebida. Uma pena!
Há coisas que negamos, que tentamos esconder, que nos envergonham. De facto, em certa altura da minha vida assim foi. Tive vergonha, neguei e tentei esconder. Isto e outras coisas. Mas esta foi sem dúvida uma das que mais me marcou e mais me faz deixar marca. E que percebo hoje que não dá para esconder nem negar e que ter vergonha disto é uma pena.
Há brincadeiras jocosas sobre o assunto que me melindravam... depois constatei que a piada forçada que achava tinha que ver com simpatia social por aqueles que falavam sem saber. Uma pena!

Estou a falar-vos de ser escuteira. Os meus pais foram-no e eu fui também, bem como o meu irmão. Por pouco tempo, é certo, mas fui. E mais do que o tempo em que estive no movimento, o que pesou em mim foi a influência em si e não o tempo. Por isso, afinal, o que me marcou foi desde sempre.

Sempre alerta - levo a vida a tomar atenção a tudo, o que chega a fazer com que pareça uma tonta! Se a senhora que leva o bebé não consegue abrir a porta, se é possível ir de escadas quando vai alguém de elevador que precisa efetivamente mais que eu, se a zona de saída de emergência está desimpedida, enfim, coisas que para mim são básicas e que para os outros parecem não estar na zona de alcance imediato.

Procurai deixar o mundo um pouco melhor que o encontraste - esta frase do fundador (eu nasci no dia em que nasceu o fundador, curiosamente) chega a ser perseguição. Não interessa se é meu, se vou viver ali ou com aquela pessoa: se eu puder, eu melhoro. Eu corrijo dizer obrigada e se faz favor, eu apanho o papel do chão e eu até apanhava o lixo todo da berma da estrada. Chega a ser cansativo só de pensar e até mesmo uma luta contra a sociedade, mas eu sou assim.

Depois conheço pessoas que ingressaram há apenas alguns anos no movimento e cujas preocupações são tão pouco escutistas (a meu ver)! E aí sim, tenho uma pena de morte, mas não corrijo, porque acho que o caminho é de cada um.

Há uns dias vi o desenho de B.P. que pintaram na sede do agrupamento a que pertenci e foi um sentimento de orgulho profundo, como aquele que se tem nos filhos, aquele que nos chega sem nada termos feito para chegar, depois de afinal termos feito tanto.

Que independentemente dos movimentos associativos, que haja sempre educações destas, mais ou menos conscientes!

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