sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Transito da capital, trânsito de periferia

Cresci num sítio onde quando passava um carro de determinada cor e marca era o pai de "X" ou a mãe de "Y" ou era o senhor "XPTO" que de uma maneira ou de outra conhecíamos. Tirei a carta de condução já na capital e lá ver alguém conhecido na estrada era difícil, tão difícil que era motivo de orgulho de uma pessoa atenta habituada a esta mordomia da província. Na terra do Bocage ou na do Convento ou na do Marquês de Pombal já encontrava com mais frequência, mas nada comparado com a magia do encontro da infância - só alguns colegas de trabalho de quando em vez ou alguns pais de amiguinhos da Peninha.

De volta às redondezas de onde cresci, faço agora alegremente um trajeto matinal para o emprego e para deixar a Peninha no colégio onde não há caminho alternativo: só há um caminho a fazer. Assim, indo sempre pelo mesmo caminho, já comento a senhora da bicicleta, a rapariga da mota, o senhor do Mercedes, a senhora do Mini Branco, o meu chefe que às vezes se cruza comigo, outras pessoas que conheço de vista. Quando se aproxima o verão, também começo a encontrar o rapaz da mota que agora por estes dias deve estar no desemprego, bem como os nadadores salvadores que passavam por mim de mota fardados a preceito. Também na altura do verão cheira a bolas de Berlim numa parte do caminho. Destes anónimos conhecidos, até já sei onde alguns deles trabalham pelas partes em que nos cruzamos.

Ao deixar a Peninha na escola há já uma série de mães com quem troco algumas palavras que deixam o PenaMan pasmado. Falamos de rotinas e trivialidades que nos alimentam a maternidade. Gosto mais desta periferia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Solidariedade da época

Fala-se de solidariedade o ano todo, mas fala-se muito mais de solidariedade no Natal. Este ano na escola da Peninha pediram brinquedos "daqueles que andam lá por casa e já não são de brincar" para oferecer a uma instituição de solidariedade. Os brinquedos devem estar em boas condições e ir embrulhados e com indicação da idade adequada e género.

Eu já tinha começado a "preparação" de Natal no quarto das meninas cá de casa, até porque com os projetos megalómanos de prendas que quero oferecer às duas preciso de espaço no quarto. E é uma desculpa para destralhar um bocado, que o PenaMan não gosta de o fazer.

Ontem à noite estive duas horas e meia a embrulhar originalmente uma série de DVDs e livros que ninguém quer saber deles cá em casa. Embrulhei-os como se fossem para a criançada cá de casa. Ficaram bonitos e foi de coração: espero que façam muito felizes os novos donos!

Solidariedade 365 dias por ano

Solidariedade e voluntariado são duas palavras que gosto muito. Antes só as conseguia aplicar na teoria, felizmente hoje em dia consigo pôr na prática embora não tanto quanto desejaria, mas o suficiente para ficar satisfeita.

CAUSA SIMÃO
O Simão é um menino pequenino que tem uma série de problemas de saúde. Tem a sorte de ter uma família fantástica que se une para ajudá-lo. Foi uma colega de trabalho que fez a habitual inclusão no Facebook da minha pessoa no grupo. Eu geralmente olho e passo à frente, mas vi que o Simão além de ser mais pequeno que a Peninha, é da zona onde moro. Vi que se dedicavam à recolha de tampas de garrafas de plástico, caricas e rolhas para ajudar a custear as terapias várias que o Simão faz para ter uma qualidade de vida aceitável dentro das possibilidades. E as possibilidades são todos os dias sufocantes para a Mãe do Simão, que vai contando as evoluções positivas e menos positivas do Simão, mas com sentimento: não esconde os receios e o que lhe custa aceitar quando escreve, mas sempre que me encontro com ela acho-a uma maravilhosa força da Natureza. E à mãe dela e à irmã dela e respetivos. E até ao irmão do Simão, que não tem menos mérito que todos os outros.

Para mim, a história das tampinhas era um flop. Nunca acreditei na conversa das tampinhas que se transformavam por atos de solidariedade em cadeiras de rodas. Mas a verdade é que agora vejo, acredito e ajudo no que posso. Na nossa política de diminuição da pegada ecológica não é fácil ter caricas ou tampas plásticas, mas vamos recolhendo em alguns bares e na nossa família e ajudamos na separação: eu vou até lá separar tampas, já levei a minha mãe e a minha sogra e o PenaMan fica com a Peninha sem stresses para eu poder ir. Se podia ir ao ginásio naquelas horas que lá estou? Podia! Mas gostei de conhecer aquela gente boa, das melhores pessoas que já conheci. Tias e vizinhas velhotas que ali se juntam ao final do dia e estão horas sentadas a separar milhões de tampas que depois vão de camião e voltam transformadas em ajuda para o Simão. Todos estão ali de coração e não imaginam como é bom de ver, sentir e participar.

Decidi ir ajudar porque desde que me mudei para onde moro agora que as pessoas que conheço são clientes da empresa onde trabalho, da área onde trabalha o meu marido, pais dos coleguinhas da escola da Peninha ou pessoas que lá trabalham e pouco mais. Por isso queria ampliar a minha pequena rede de pessoas próximas, dentro do possível. Fui recebida inicialmente com alguma apreensão: afinal ninguém me conhecia e quando a ajuda é grande o pobre desconfia. Mas agora quando lá vou quase me sinto da família! Nem sempre consigo ir, mas sempre que vou, quando me venho embora vejo na cara daquelas pessoas a expressão sincera do agradecimento que verbalizam. E também eu vou grata por me deixarem ajudar quem precisa da minha modesta ajuda.

E na verdade? Na verdade acredito do fundo do coração que o Simão vai ter uma vida não tão boa como todos desejamos, mas melhor pelo que todos fazemos por ele. É uma batalha dura esta que a família do Simão, em particular os pais, travam, mas enquanto eu poder ajudar na luta, lá estarei!

Demagogia sobre Educação

Das tarefas mais interessantes e desafiantes que a vida me proporcionou foi, sem dúvida, educar. Nunca tive ambições no campo de educação de adultos, embora tenha gostado muito das experiências de formação que com eles tive. Mas não ponho empenho no moldar da sua educação, porque sei que a mesma não é tão maleável como a de uma criança e, acima de tudo, tento respeitar cada um na sua essência.

Ao longo da minha existência, tive oportunidade de trabalhar com crianças que não me eram nada, que eram filhos de amigos, outras família e, claro está, a Peninha. É impressionante a velocidade a que caiem por terra as teorias todas que temos para com as outras crianças e que depois não conseguimos aplicar às nossas por causa do "amor incondicional" que chega a fazer dos nossos filhos coisas que de tão boas se tornam más.

Mas a minha mais recente ideia sobre educação é que um educador falha sempre porque se preocupa: pensa no que quer fazer com aquele ser em estado moldável (muitas vezes até antes de existir o ser!), que quer que siga determinada religião, que frequente determinado tipo de ensino, que tenha determinada ocupação extracurricular, que se dê com filhos de determinados amigos, enfim, uma infinidade de pensamentos e teorias. Mas a verdade é que o essencial não é falhar: é preocupar. Todos falhamos em alguma coisa, mas muitos de nós não se preocupam com a educação. A educação tem de ser pensada a longo prazo, mesmo que falhe permanentemente a curto e a médio prazo, mas tem sempre de ser pensada e tem de ser uma preocupação permanente, mesmo que se julgue não o ser.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A fábrica do Pai Natal lá de casa

Neste momento estão em cima da bancada de trabalhos da fábrica do Pai Natal lá de casa dois projetos. A bancada foi montada propositadamente para a época que se avizinha, num canto recatado da mais pequena, mas que ainda assim permite partilhar o tempo comum que estamos juntos todos os dias em lazer, na zona de convívio da nossa casa. Um terceiro projetos está ainda numa fase mais embrionária e por isso está ainda em outra divisão.

Embora não queira detalhar muito os projetos por razões emocionais e racionais, as mesmas razões levam-me a partilhar em modo lato os projetos mais avançados. Quem sabe servirá de inspiração para alguém!

*Teatro*
Esta prenda é para a Peninha. Há uma história infantil composta por 4 personagens principais que a mesma adora, fala várias vezes sobre ela e chega a conseguir inseri-la no seu quotidiano. Pesquisei moldes dos bonecos, por sinal 3 são repetidos e por isso facilitaram ainda mais o processo. Construi o primeiro e depois de ver que era o que queria, construi os outros, com calma e auto-crítica q.b.. Usei tecidos, linha de coser e botões e costurei as partes dos ditos sem recurso a máquina. Quando fui construir o quarto personagem, deparei-me que o molde que tinha tirado era muito grande em relação aos outros e uma vez que tem carácter de assustar os outros, tentei diminuir o tamanho - não gostei do resultado e por isso fui pesquisar novo molde e só à segunda tentativa consegui criar o dito personagem.
Surgiu então a questão de como tornar os bonecos - criaturas de 2 dimensões - maneáveis para poderem ser fantoches do teatro. Não queria ter de comprar nada, como já tinha referido no post anterior, por isso acabei por solucionar com canudos de rolo de papel higiénico. Têm bom tamanho para mãos pequenas e são fáceis de adaptar às criaturas.
Quase concluídos que estão todos, falta agora completar pormenores de roupa, tratar dos canudos dos rolos de papel higiénico e colar os bonecos aos respetivos canudos e ainda decidir se vão ou não ter boca porque não queria pintar, mas também não me apetece costurar 3 bocas. Falta também a estrutura do teatro em si, o palco.
Uma vantagem desta prenda julgo que será continuar a estimular a comunicação da Peninha, bem como interação com outras crianças e reforçar a sua autoestima.

*Bonecas de vestir*
Sem recurso a imagens, tentem recuar para a infância onde havia aquelas bonecas de papel que tinham várias roupas que se adaptavam ao corpo. É exatamente isso o que pretendo fazer, mas em vez de papel usar tecido nas bonecas e nos seus vestuários. E através das pesquisas que desenvolvi na internet, decidi construir uma mala para cada boneca e respetivo guarda roupa, por forma a ser um brinquedo completo e organizado por si.
Decidi também que cada uma das meninas da casa teria uma mala, uma vez que elas têm maneiras diferentes de brincar com as bonecas, quer pela diferença de idades, quer pelos feitios de cada uma. Assim este é um projeto a multiplicar por dois e não está ainda tão avançado como gostaria, uma vez que me deparei com alguns imprevistos, de certo modo todos relacionados: tenho de decidir o tamanho da mala, que tem de ser em função do tamanho da boneca. Tirei um molde de boneca da internet e decidi construir a mesma em velcro fêmea para ser mais fácil as roupas, com velcros machos, aderirem. Mas após construir a primeira boneca, apenas com tronco e membros e sem cabeça, surgiu o problema da boneca ser frágil. Ora, as destinatárias do projetos são meninas ambas em idade pré-escolar e por isso as bonecas têm de ser resistentes: de outra forma, elas não vão conseguir brincar e vão desinteressar-se à partida. E a cara ia ser difícil de realizar também. Pensei que as bonecas deveriam então passar de 2 dimensões para 3 dimensões, mesmo que isso implicasse mais trabalho de alfaiate. Fui até um hipermercado e adquiri uma boneca de feltro para construir e vou experimentar se a mesma é adequada ao que pretendo para depois avançar com a mala.

Logo que tenha mais desenvolvimentos, partilho!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A preparar o Natal

Este ano o Natal é sem as crianças da casa na noite e no dia de Natal. Se custa? Honestamente será a segunda vez que acontece e eu levo estes dias como levo todos os outros de ausência: é assim e eu já o sabia. Aceito, porque é justo e correto. E no caso da Peninha: a minha melhor prenda de Natal é tê-la todos os dias do ano a espalhar a sua magia, a ver o seu carinho e a senti-la cá.

Tenho vindo a debater-me com a problemática consumista das prendas de Natal e não queria, agora que ela já percebe melhor as coisas (e ainda para mais faz anos em Dezembro!) dar-lhe um pedaço de borracha chinesa com o nome de Nancy ou Nenuco ou o que seja. Detesto a impertinência do quero isto e aquilo com nomes comerciais pelo meio. E também não queria, não sendo o Natal cá, que treinassem o seu consumismo, mas sim as suas emoções, pois já terão rebentado algures uma série de papel de embrulho e acumulado a um canto um monte de presentes aos quais nem terão olhado com atenção.

Assim, mesmo sob pena do desfecho não ser o que quero, pesquisei prendas de Natal originais e artesanais feitas para crianças fáceis, baratas e agradáveis. Descobri, obviamente, uma série de coisas e como o Natal é já ali, pus mãos à obra, de tal forma que até tenho uma ferida numa das mãos que me obrigou por estes dias a desacelerar... tenho mais uns dias do que o de Natal oficial, mas mesmo assim os projetos são algo ambiciosos e pela sua artesanalidade, morosos.

Objetivos:
- não comprar matérias para realizar os presentes: aproveitei um armário, restos de madeira, restos de tecidos, restos de tintas e restos de embalagens
- fazer algo que não tenham, e ao não ser repetido que brinquem com ele
- fazer algo adaptado à idade
- fazer algo que também eu goste no final e goste de brincar
- fazer algo que promova a brincadeira com outros, mas que simultaneamente seja possível brincar sozinhas
- fazer algo que faça parte atualmente das nossas conversas de dia-a-dia e do seu imaginário infantil
- estimular a minha perícia artesanal e a minha criatividade: não tenho ainda soluções para todas as fases dos projetos, mas não é por isso que os projetos não estão a andar.

Até agora está a correr bem e ainda não tive nenhum contratempo dos que poderiam acontecer: ter de desfazer algo ou ter de destruir algo mal feito. Tentei também convencer as pessoas da família com algum geito e gosto por este tipo de trabalhos a fazerem a sua parte, mas não nos meus projetos, onde apenas e só o PenaMan é consultor técnico.

Em breve mantenho-vos a par!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Hipocrisia...

Luta para que os filhos vivam a 400km do pai, realça em tribunal tudo o que é defeito do pai dos próprios filhos e expões 10 anos de dificuldades de forma a que ela saia imaculada e ele enxuvalhado e marginal...
...
mas sempre que há umas causa pública no facebook, muda a foto de perfil... para Co-De-Rosa da Nonô, para bandeira da França pelo 13 de Novembro.

Sabes uma coisa: Hipocrisia também é um defeito! E não é do pai. És uma vergonha. Esta foi educação grátis, aproveita!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Quem casa quer casa

A imagem diz tudo. Há quem não perceba afinal o que quer dizer, mas compreende quem deve compreender. É o alinhamento dos astros! Feliz por tudo o que mete casa(mento)!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A conversa da saia

imagem meramente ilustrativa do episódio
De há uns meses a esta parte, desde que consegue pronunciar a palavra "saia" que esta palavra está no top lá de casa. Está há semanas consecutivas, a pouco pontos apenas de "não" e "pokeu quéu", mas ainda assim parece ir manter-se.
Quando acorda de manhã, a única coisa que muda é ter os olhos abertos umas vezes e as outras tê-los fechados - diz sempre "saia, quéu uma saia". O papá diz-lhe sempre: "isso não é uma saia, é um vestido" e ela resposta com ar de quem já está farta de repetir "não é um xtido, é uma saia!". Mas a verdade é que o que ela quer é um vestido, a que invariavelmente chama saia. Se vamos à praia, quer vir com a toalha enrolada à cintura a fazer de saia. É sempre difícil escolher a "saia" do dia, há até dias que quer vestidos que não são dela.
Numa noite que tivemos de nos ausentar e era a avó quem a deixava na escola de manhã, a avó pediu-me que eu deixasse a roupa preparada. Expliquei que não, que ela ia querer uma "saia" e que essa "saia" era ela que a escolhia.

Hoje de manhã, os seus olhos brilharam de outra forma. Acordou, pediu leitinho e depois a meio do biberon descobriu que tinha xixi. Fomos à casa de banho e quando se sentou na sanita olhou para a frente e o papá estava a fazer a barba com a toalha enrolada à volta da cintura, ao que ela a sorrir prontamente exclamou "saia!". 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Simplesmente aconteceu

Não foi planeado e sempre tentei evitar ao máximo. Afinal, não considerava que fosse
 a melhor maneira de estar e de viver e de ensinar. Fiz tudo como me ensinaram e como achei que era o correto. Mas trocaram-se as voltas. Não sei como aconteceu, simplesmente aconteceu!
Deixei de estar interessada em que ele estivesse lá e soubesse e que a sua opinião contasse. Cinjo-me hoje ao essencial, sem conversa a mais nem coisas supérfluas. Já não choro por isso, nem fico a pensar nisso sem dormir. A verdade é que nem penso nisso e reparei nisto tudo por acaso. Mas estou hoje mais feliz e faço mais felizes os que me rodeiam.

Proibido Perfume

Há várias maneiras de me estragarem o dia. Mas a pior de todas, que dura o dia inteiro, é perfume. Explicaram-me há pouco tempo o porquê de o perfume me deixar com uma profunda dor de cabeça durante o dia inteiro e de não me sair do nariz e ficar meia enauseada: é que o perfume tem álcool. Ora, eu raramente consumo álcool, porque não gosto e já não tenho 15 anos para fazer coisas que não gosto só porque todos fazem e todos dizem que é giro, mesmo eu não o achando. Sinto o álcool na pele das pessoas quando as beijo - não ando por aí a beijar a fazer o teste do álcool, mas se alguém bebeu e beijo a pessoa sinto logo o álcool. Quase extra-sensorial...

Basta um pouco de perfume em alguém e... já está. Tenho tido gente compreensiva que põe perfume depois de me cumprimentar, gente que simplesmente aboliu pôr. Não é egoísmo, não mesmo. É que se puserem um óleo essencial não me aquece nem me arrefece, até posso gostar consoante a fragrância.

Ultimamente, não sei se é por estar mais sensível, mas isto anda a dar cabo de mim....

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Champoo: check!

Hoje foi dia de estrear o champoo artesanal que fizemos. O cheiro é sensacional no banho e no cabelo. Estou muito satisfeita. E faz imensa espuma! A odisseia continua, ontem comprei uma revista nova mais inclinada para macerações, bem como conheci no outro dia um artesão que me deu algumas dicas.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Tenho uma coisa para te dizer

Pensei que fosse bastante mais complicado do que é na realidade. Sempre que complica a culpa é tua, porque nunca ninguém te pôs no teu lugar e então achas que podes, fazes e mandas e aconteces e pões e dispões, mas aqui não é assim. Aqui vive-se em família e por isso o bem-estar dos nossos é o que mais conta, não os caprichos dos que estão de fora. Aliás, aqui a vida não tem caprichos, porque estamos a endireitar muita coisa que estava torta e assim cortamos o mal pela raiz e só vivemos com o essencial: e é bom. Mas tem de ser mesmas quantidades e medidas para todos os da casa, é o que aplicamos todos os dias.

Educação, gentileza e boas maneiras é o que há para todos e é no que trabalhamos todos os dias. O resto é supérfluo. Não gostamos de miúdos intrometidos na vida dos adultos: nas suas conversas, no "quem é?" quando o telefone toca, nas tentativas de opiniões fundadas em "acho que", embora valorizemos as opiniões fundadas e devidas. Não apreciamos chica-espertice nem gracinhas idiotas, achamos desadequado mesmo.

Valorizamos o bem-estar e o descanso de todos: não acordamos quem dorme se não for necessário, ensinamos onde se põe a roupa suja, como se faz a cama, que o lavatório e a sanita são para ficar limpos após o nosso uso para que o use quem vem a seguir, a arrumar a roupa no armário, que os brinquedos são nos quartos e não no resto da casa toda. Aqui ensinamos que não se mexe nos armários da cozinha nem no frigorífico, porque somos muitos e tem de haver ordem e arrumação. E que tirar roupa do armário também tem regras. Ensinamos que se arruma a cadeira quando se sai da mesa. Ensinamos que os brinquedos da rua ficam arrumados no final da brincadeira e que todos os brinquedos são de todos e dão para todos, caso contrário não servem e por isso deitamos fora.

Aqui chama-se manos aos da família, mesmo sem o serem, porque são de coração. Faz-se birras quando se quer o brinquedo que o outro tem e chorasse de desgosto enquanto o outro continua a brincar porque era a sua vez. Escolhesse filmes para todas as idades e a televisão não é o centro da casa, os livros é que são. Diz-se bom dia quando se acorda. Dá-se uma palmada quando a pimenta chega ao nariz, pede-se desculpa quando se está errado e há castigos se for preciso.

Aqui vive-se assim... porque é a nossa vontade e porque aqui mandamos nós! E somos felizes

Lixo e mais lixo

Por estes dias temos casa cheia: estão cá todos os pequenotes e avó para dar uma mão (e que mão!). O PenaMan foi amoroso, como sempre, e deixou o carro lavado e atestado e comida q.b..

Mas já se sabe que com os pequenos a crescer e com os planos de estadias fora de casa durante o dia inteiro, há sempre compras a fazer. Quem as tem feito tem sido a avó e confesso que após este modo "lixo não entra cá em casa" que adotámos, ando um bocado horrorizada, porque a avó não adotou (ainda!) este modo de vida:
- pães de leite embalados individualmente e depois de 6 em 6
- iogurtes bicompartimentados e enrolados em cartão
- sacos saquinhos e saquetas...

Até me passa a vontade de comer...

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Puf... e fez-se o sabonete

Resumo da aventura do sabonete da barba artesanal e caseirinho que fizemos: o PenaMan adorou, os amigos dele também já pedincham sabonete :)

Out of Milk & Google Chrome

Escreve-se em inglês porque são o nome de uma aplicação, vulgo app, e um gadget (como se traduz gadget?). Não sendo nada tecnológico este blog e não tendo intenção de o ser, falo dele porque somos uma espécie de profetas desta app.

Sendo o PenaMan quem faz as compras de supermercado por ser ele quem sai mais cedo, por o meu escritório ficar de caminho entre o trabalho dele, a nossa casa e a escola da Peninha, e também porque é ele que cozinha, ao princípio de vivermos juntos tínhamos algumas dificuldades: ele raramente anotava o que gastava, o papel ficava em casa ou eu é que o tinha quando ele é que precisava dele.

Ele, bem mais tecnológico que eu, procurou uma app para resolver o problema cuja solução mais avançada que eu encontrei foi tirar foto à lista e mandar via mensagem de telemóvel ou sincronizá-la com a Dropbox (terceiro termo tecnológico em meia dúzia de linhas!...). E encontrou o Out of Milk, que tem a vantagem de se poder criar mais listas, e criou novas soluções de organização, tais como passar a ter a lista da farmácia, da drogaria, do IKEA, entre outras. Assim, aos sítios a que não vamos tão rotinamente podemos fazer a lista ao longo do tempo e quando lá vamos fazemos o brilharete de trazer efectivamente o que precisávamos.

A outra mais valia foi poder dizer a quem gosta de nos atafulhar a dispensa (não é sogra?) o que realmente precisamos sem ter de mandar mensagem com reprodução da lista de papel e sem ter de repente 20 pacotes de leite devido a compras simultâneas para arrumar num espaço em que apenas cabem 8... E serviu de solução também para um amigo que é responsável do pedido de material de um departamento: todos os colegas colocam na lista o que é necessário e ele apenas compila.

As listas podem ser partilhadas com quem quisermos ou não. E assim não se gasta papel inutilmente.


A outra inovação tecnológica é o Google Chrome. Custa-me de morte dar dinheiro por um serviço de televisão que podemos usufruir dele ou não. Quando vivia sozinha, só tinha TV Cabo porque os meus pais gentilmente se ofereceram para pagar, até porque tinha o azar da antena do prédio não estar a funcionar na altura em que lá vivi. No nosso controlado orçamento familiar também quisemos cortar esta despesa que nos ficava em cerca de 30 euros mensais, apenas TV. Como onde moramos não há linhas (nem há água canalizada nem esgotos públicos, quanto mais linhas de TV...), tínhamos a parabólica instalada na açoteia, o que diga-se que não era nada estético.

Mandámos vir o Google Chrome, um aparelho composto por HDMI e USB, que se liga à televisão e com aplicação transfere conteúdos do You Tube, popcorn e outras para o ecrã da TV. Assim temos televisão à mesma e só pagámos o aparelho, que foi pouco mais que o mesmo que pagávamos mensalmente só da TV. Também a Box da TV deixou de estar na sala, bem como os cabos todos, e nenhum deixou saudades. E conseguimos controlar melhor o que as crianças veem sem zappings por conta deles.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Novos vizinhos

Novos vizinhos é algo que adoro. Vem-me sempre a ideia da americana tarte de boas-vindas e que todos nos vamos dar bem para sempre, os miúdos vão brincar juntos e conversamos a passear cães e blá blá blá... E de facto nunca tive experiências negativas com vizinhos, antes pelo contrário. Cheguei a ter os melhores vizinhos do mundo quando morava em Lisboa.

Quando regressei ao Algarve, o tipo de vizinhos mudou. Não são as pessoas que valem menos que as outras, não se compara isso sequer: é que aqui vivemos numa casa e não num apartamento. Deixámos de ter vizinhos por todos os lados, de poder encontrar roupa perdida junto à entrada do prédio, de ouvir a bimby do vizinho a tocar, de saber se a Dona Prazeres já está de volta da casa do filho porque a persiana está aberta, de ver o carro do vizinho na garagem. Agora, temos dois vizinhos: um de um lado e outro do outro lado. Na verdade são 4: Estrada Nacional, Linha do Comboio, respectivamente à frente e atrás da casa e dos lados um café e uma loja.

No lado do café, moram uns velhotes, ele já leva 98 anos bem medidos e que dão prazer de ver e de poder tentar avaliar o valor da vida pelas suas expressões, em especial pelo olhar. Ela cuida dele com o amor que lhe tem. São os pais dos donos do café e são família para a nossa família desde sempre.

No lado da loja, cujo terreno foi parte do nosso há uns anos, há a loja com a qual partilhamos algumas coisas e de quem utilizamos outras, como o simpático parque de estacionamento. É uma loja específica com um nome que todos sabem o que faz, de cadeia internacional. É uma loja daquelas que achamos que devem ser para lavagem de dinheiro, que aquilo não pode dar para sobreviver, como é que alguém pensa em montar um negócio daqueles... até se passar a ser vizinho deles. Aí sim se vê o quanto eles trabalham e quantas pessoas por ali passam de sol a sol. Até nós, sem o querermos, já tivemos de ser clientes deles e nada temos a apontar, antes pelo contrário. Mas não é vizinhança vizinhança daquela... Não os conhecemos, não sabemos nem nomes nem histórias. Embora no nosso esforço quando arranjamos o nosso lado da sebe, se tivermos tempo e se acharmos necessário, vamos lá dar um jeito do lado deles que assim a nossa casa também fica mais bonita. E até já pus uma planta daquelas que não dão trabalho e reproduz-se como coelhos no canteiro deles à entrada do nosso portão, como quem não quer da coisa.

A loja tem um primeiro andar que só há bem pouco tempo reparei que existia e que dizia Aluga-se. Janelas grandes, um dia desapareceu de lá o papel e começamos a reparar em movimentações diferentes. Fiquei contente e pensei que desta é que era, que íamos ter vizinhos, aquilo não deve dar para loja, ao tempo que estava para alugar aquilo vai é ser para habitação. E lá veio a ideia da tarte, dos miúdos e dos cães. Eu ia estender roupa à açoteia e ficava a olhar a sorrir, à espera que alguém se descuidasse e passasse à janela.

Até ontem, em que em altas horas da noite estávamos em agitado rebuliço a preparar o espaço da festa de aniversário da Peninha-aquela. Já me tinha dito o PenaMan que estavam a por o letreiro luminoso na noite anterior... mas qual a minha desilusão quando ele me diz "Já viste o que é? É a REMAX"

Que pena... já havia ali uma série de imobiliárias... e embora eles vendam a ideia da tarte, dos miúdos e do cão, acho que a vão vender longe dali....

Silly Season

É sabido que não sou apreciadora de termos estrangeiros e que sou moça pouco dada a estrangeirismos, só mesmo em último caso. É que não gostar do acordo ortográfico (que insiste em sublinhar a vermelho muita coisa do que escrevo...)  e depois andar por aí com "performance" e "twilight zone" e outros que tais, sempre me deu a sensação que é estar a tentar fazer de quem o diz mais sofisticado e de quem não o percebe ignorante - e eu não gosto de discriminações, muito menos por coisas que não se controlam nem são de medição. É que eu sou moça dada a línguas anglo-saxónicas e latinas, mas se põem "naiff" ou outras palavras francófonas pelo meio, não me safo. E na minha família há quem domine muito pouco o inglês e eu não gosto de falar sem me entenderem. Expressões em latim ainda aprecio, mas não faço disso condição "si ne qua non" para falar.

Agora, se há termo que gosto e consigo falar bastante sobre ele... é a Silly Season.
Já fiz a tentativa de tradução, mas sem sucesso: "época dos patetas"? Era discriminação, está visto: é que ou se tinha de discriminar ou os patetas ou a época e todos fazem falta na expressão, sem nenhum ser diminuído em relação ao outro!

Por aqui, no reino dos Algarves, já começou e por isso vai sair doravante a expressão da minha boca q.b.!

Uma feliz Silly Season a todos os algarvios :)

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Estreia

Mais uma estreia na minha maternidade: o chichi de berma de estrada.

Aquele chichi que já todos vimos, em que um adulto, em regra um progenitor ou próximo, após ouvir a expressão "tenho chichi" manda o carro para a berma no mais imediato possível, sai a correr do carro sem olhar sequer para onde está nem onde está a pisar, abre a porta mais próxima da criança, desaperta o cinto de segurança como se não houvesse amanhã e retira a criança do carro, olhando rapidamente com olhos esbugalhados q.b. para a cadeira a temer o pior, embora sem oportunidade de fazer o que quer que seja no momento se o pior se confirmar.

Tira-se a roupa da criança e inicia-se a posição em que a criança de cócoras fixa assente nos braços do adulto e inicia a tão esperada necessidade fisiológica. No fim um alívio de todos :)

Persona non Grata

Aconteceu-me um episódio a que nem sei como hei-de qualificar no FB. Num grupo a que pertenço de assuntos domésticos e dicas, uma pessoa colocou o reaproveitamento de um frasco de shampo, onde ao cortar umas parte e forrando era transformado num suporte para colocar, por exemplo, o telemóvel.

Comentei que o interessante não é reaproveitar algo que precisou de ser fabricado (plástico, muito plástico têm os frascos de shampoo), mas sim evitar o lixo, que depois transformamos e modernamente chamamos reciclagem como se fosse a última bolacha do pacote.
Seguiram-se muitos "uau", "amo", "adoro", "genial" e eu nem consegui reagir - para quê? Educar adultos é demasiado para mim, já com crianças batalho q.b.

E não é que, quando vieram novas notificações e fui verificar, o meu comentário tinha sido apagado. Ainda não me tinha acontecido... Já me tinha acontecido eu fazer um comentário humorado sobre aparência de uma celebridade portuguesa largamente comentada pelo cibermundo numa página e alguém ter vindo armada em Madre Teresa com aura, ao que eu tive de responder à altura e fui brindada com quase tantos likes como a publicação original. E por aí se ficou, que a página também soube rematar em graça... Eu que nunca teço esses comentários.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Consultoria de moda

Desde sempre que não gosto de comprar roupa. Custa-me de morte dar dinheiro por roupa, adoro quando me oferecem roupa e mesmo usada que seja. Detesto o ter de ir a um sítio ver roupa: a maior parte não me agrada que sou esquisita q.b., experimentar ainda é maior suplício... e o tempo que se perde? E o gostar só de coisas que não estão ao alcance da minha carteira?

O FB em particular e a Internet em geral vieram dar-me uma ajudona com as lojas online: outlets e lowcosts sem sair de casa, entregue à porta. É que para quem não gosta da tarefa, os portes acabam por sair sempre em conta.

Descobri uma loja no FB que satisfazia todas as necessidades em conjunto: o acesso fácil que já referi acima, barata, roupa gira para todos os gostos e com muito muito chifon, que seca depressa e não necessita engomar (para mim). O tempo de entrega é que era entre 30 a 45 dias. Fiz a experiência e amei: envelope em chinês à porta dentro do prazo, sem stresses de alfândega que por aí relatam, fidedigno à imagem. Obviamente que voltei a encomendar.

No outro dia, eu e o PenaMan demo-nos ao luxo de ir almoçar fora os dois, em dia de trabalho. Fomos a um restaurante que não conhecíamos, enfim, serviço e comida abaixo do que gostamos, preço acima do que queríamos, cruz na porta no final.

Mas durante o almoço, ele comentou:
- Essa camisa tem o corte mesmo mal feito.
Juro que fiquei para morrer: ele nunca comenta nada, mas menos comenta ainda se for depreciativo. Os únicos comentários que recordo dele são "fica bem", "estás gira", algumas vezes em resposta à pergunta que eu faço.

Claro que não me fiquei, que eu estava morta de orgulho na pechincha:
- Mas foi barata e até é gira e (blábláblá)

Ele continuou a olhar para mim, sem expressão na cara e disse:
- O corte está mal feito. E vem da China. Onde é que estás a ajudar o comércio local? Onde está a tua consciência ambiental?

Morri de vergonha nesse momento... Quando cheguei ao escritório googlei "roupa senhora made in Portugal". Mentira: primeiro tentei made in Algarve mas o resultado já se está a ver, não é? Encontrei uma marca e, para meu grandessíssimo espanto só aqui no bairro há duas lojas que a comercializam.
Será perto e com um motivo maior. Até lá, as minhas desculpas.

Upcycling

Numa onda de upcycling: aproveitar um armário de madeira do IKEA que já não tinha as prateleiras e estava desmontado a um canto à espera de ser utilizado, somando o facto de vivermos numa casa de campo e da cozinha estar a pedir reforma em alguns armários, mas sem orçamento no médio prazo para tal e ainda os produtos da horta que vêm do quintal directamente para a cozinha e sempre com alguma terra que é feia de ver no plástico mas não nestas caixas. 
Preferimos sempre materiais naturais a sintéticos quando possível e queríamos que o nosso carrinho de plástico das verduras e legumes fosse para outro sítio.
A caixa do topo aumentei em altura com duas ripas de outra caixa idêntica. Cortei o armário ao meio com ajuda do tic tic, rebarbadora e do PenaMan






, que também ajudou a reforçar a estrutura com algumas traves de madeira extra que tínhamos por aqui e a fazer bases extra para as prateleiras. Com restos de soalho flutuante que não passa disso por já não ser possível usar, fiz as prateleiras. Dei bondex acetinado transparente em tudo (2 demãos), excepto nas prateleiras de soalho.
A altura das prateleiras pode ser a gosto. A altura do armário são 87cm por 60cm de largura.
Espero que gostem! Foi relativamente fácil de fazer, embora tenha ficado bastante diferente da ideia inicial smile emoticon

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Habemus!

Foram dias de vómitos e diarreia, tentativa de dieta "não quéu chá", "não quéu massinha" em alusão à canja e "não quéu futa aquela" em alusão à fruta cozida, descanso obrigatório em casa com PenaMan e avó Dinda, para não contagiar todas as crianças da escola.
No fim, após comer arroz em barda, eis que os intestinos puseram a sua versão Metro de Lisboa 2015: Greve! Foram alguns dias em que estiveram ausentes da nossa rotina. Mas o bacio e o xixi em altas, sem fazer na cueca e sempre a pedir com tempo suficiente.

Esta noite presenciei um dos episódios mais hilariantes de sempre, que deram direito a rir de noite ainda e de manhã...
Peninha acorda e grita: "Papá, xixi" repetidamente. Ela sabe que é ele quem lá vai, porque eu sou fraca demais para estes números e acaba irremediavelmente na nossa cama e nós a dormir com membros do corpo dela em cima de nós (inclui cabeça) com um mini espacinho para cada um no colchão e nas almofadas...
Papá sai da cama e acode Peninha: eis quando desfilam os dois à minha frente de passagem para a casa de banho, ela à frente de chupeta na boca, com um vestido comprido às riscas e o seu andar de quem ainda tem pé chato, ele atrás dela em modo zoombie a segui-la com o passo emparelhado. Fez-se o xixi e depois o mesmo desfile, mas no sentido casa de banho. Foi a primeira vez que ela pediu o xixi  à noite :)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Última hora!

Fui a um casamento, daqueles casamentos que nos divertimos muito muito muito. E que adoramos lá estar, quase como se fosse o nosso.

Final do longo dia, tentar ir embora e não nos deixarem... Bouquet da noiva: vem sempre contra mim desde que me lembro. Desta vez, atendendo à concorrência, não me afastei e apanhei-o! :)

XX vs XY

Ora, o que não é igual, já dizia La Palice, é diferente. Este fim de semana vamos estar de folga um do outro, ele para um lado fazer coisas que quer, eu para outro lado fazer coisas que quero. Ninguém empata, ninguém obriga, ninguém se ofende com a falta do outro, está tudo como se quer. Não interessa se se gosta ou não do que o outro vai fazer, cada um é livre e decidiu o que queria.

Ontem pensei e tratei eu: agendar manutenção pessoal que só posso e consigo fazer ao Sábado, tratar de quem fique com a Peninha durante esse período, tratar de ajudar minha amiga na sua demo de Bimby, combinar com meu pai o fim de semana e fazer o esquema mental dos dias.

Já ele...
Liga a um a perguntar a que horas vão. E como vão? Onde ficam? Ah afinal não é onde pensava. Liga a outro: podes-me ir buscar de onde fico para onde vou? Liga a outro: é a que horas que temos de lá estar? Ainda tem de ir ver a hora do acontecimento, que nenhum dos anteriores telefonemas teve resposta. E onde podem estar. O regresso então nem faz ideia de como será: nem o meio de transporte está definido tão pouco.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

As duas

De tudo o que ela me diz, nada mais me é querido que "as duas".

Significa que ela me quer ao seu lado, por vezes até entre os seus bracinhos, para fazermos qualquer tarefa diária as duas: dormir na mesma cama, tomar banho, ir de carro a algum lado sem mais ninguém... Um dia será um pedido para brinca a duas, quem sabe? O timbre daquela vozinha quando diz "as duas" é a mais linda voz que já ouvi. Lembra-me logo o clássico musical "Isn't she lovely?". E a expressão da cara e dos olhos é de sonho.

Se durante muito tempo "as duas", que não tinha ainda expressão na sua voz, me deixava de certa forma insatisfeita e sabia agridoce, hoje é um momento que ela reserva de si e do seu tempo para estar comigo. Tenho a certeza que ela adora estar a três e a cinco e a seis e a todos quantos fazemos parte da família - aqui família são na maioria os que escolhemos e nos escolheram e não os de sangue necessariamente, de sangue são só alguns.

Agora andamos orgulhosamente "as duas" no desfralde... e se me cair o céu em cima, aqui fica registado o imenso orgulho que tenho neste milagre da vida em que participei e participo todos os dias, mesmo que não estejamos juntas todo o tempo. Estou a adorar esta fase em que ela é uma menina independente. Assim se vai por aqui, feliz! :)

Santa Hipocrisia

Não sei se é uma expressão ou se deverá ser um nome próprio... se um desabafo, uma observação, uma crítica, um ensaio, um comentário.
O que sei é que é um sapo (ou uma sapa) difícil. E como os sapos não têm penas relacionadas, é como me sinto em relação ao assunto. É isso. Ora aqui vai...

Era uma vez, num sítio que tem nome, mas que não interessa, alguém cuja vida sorriu mas nunca percebeu o que isso era. Com pais separados, vivia com a mãe e um irmão. A mãe atravessava as dificuldades da vida de uma mãe que tem dois filhos a cargo e que vive do seu trabalho por conta de outrem, somando-se as dificuldades que ela própria incessantemente insistia em acrescentar de mais, sem esforço próprio para que fossem de menos. Brindada pela sorte, a família acrescentou um elo masculino, mas que apenas foi aceite pela mãe e pelo irmão e recusado para sempre como família por quem falamos aqui. Tudo o mais não é relevante aqui, por agora.

Teve oportunidade de formação e crescimento académico e até concretização familiar tal como ansiava. Mas ansiar não é suficiente: quando não sorrimos de volta, só mostramos os dentes, a vida não percebe se estamos agradecidos pela bênção da vida ou simplesmente a mostrar cuidados de higiene dentária e oral.

Assim, desmontou-se toda uma carreira profissional que poderia ter sido brilhante e a vida familiar andou a balões de oxigénio por um período superior ao devido. Acusações, apontar de dedo... em frente ao espelho. Como numa fórmula científica qualquer, achemos a solução: precisamos de bens materiais, o meio para atingir o fim não interessa. Basta então um ser q.b. que tenha disponibilidade material.

Mudou tudo na vida para outro sítio que também tem nome mas que também não interessa - nada mais interessa que não o que acha estar bem, independentemente de estar ou não. E assim foi: tirou aos filhos toda a família que eles conhecem até ali, incluindo quem os gerou; pô-los a morar longe, numa escola longe, sem amigos de sempre, com promessa de casamento com a alma gémea, mudança para casa maior com tudo do bom e do melhor, pôr mais um ser no mundo rapidamente. Ao de sempre, hipótese apenas de pagar pensão e deslocações sempre que quer estar com os filhos que são seus nos períodos restritos em que lhe é concedido, conforme desígnios que lhe convém.

Voltemos ao início: Era uma vez, num sítio que tem nome, mas que não interessa, alguém que mentiu desde que nasceu e tudo fez para que os outros fossem prejudicados e infelizes. Prometeu sempre sem cumprir e esqueceu-se que um dia recusou um pai que a vida lhe deu e agora obriga os filhos a viverem com alguém que não lhes é nada. E por falar em não ser nada... acredito que a vida lhe vai dar de volta tudo o que pediu sem crer.

Era isto que me andava atravessado na garganta faz tempo... É ou não é hipocrisia?

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Eureka!

Ontem chegou a encomenda dos materiais que estavam em falta para a nossa experiência de alquimia em busca da libertação química dos nossos produtos de higiene. Embora não tenha sido um dos objetivos iniciais do nosso projeto, acabou por se tornar parte do mesmo.

Ao princípio não tínhamos bem a noção de ter tão elevado nível de alquimia, senti até alguns nervos, mas afinal não era tão complicado como poderia parecer - embora tenha sido efetivamente trabalhoso. Contei com a ajuda do PenaMan, o que não estava muito à espera inicialmente, mas que adorei. Ele estava muito cansado, mas muito entusiasmado também.

Senti durante este processo uma nesga de hipocrisia algumas vezes: para se ter todos os produtos necessários à produção dos produtos, houve a dificuldade geográfica de não encontra-los e ter de mandá-los vir, o que implicou obviamente custos, mas sobretudo embalagens e saquinhos e papelinhos... E as embalagens são muitas e pequenas, o que também implica desperdício anafado de recursos.

Começámos pela espuma de barbear: o PenaMan está um pouco saturado de deitar latinhas fora. O que estivemos a produzir será depois aplicado com um pincel, à moda antiga. Eu li receita, indiquei quantidades e procedimentos e ele foi o operacional do processo.

Sujámos utensílios com fartura, mas em suma gostámos da experiência e ficámos com um cheirinho maravilhoso na cozinha, que ainda durava esta manhã. Agora esperamos 24 horas para ver o resultado e um mês para poder começar a utilizar, uma vez que a soda caustica tem de se neutralizar no produto. Certamente as viagens de avião vão ser bem mais simpáticas com um sabonete da barba do que com a latinha do costume...

Próximo passo: champoo em sabonete. Mas entrámos em rutura de stock de alguns materiais... E estávamos cansados, ou não tivéssemos ido antes à praia. Ainda somos muito bâmbis neste processo, tenho imensas dúvidas acerca dos óleos e dos químicos, mas acredito que acabará por se tornar algo bastante interessante a longo prazo. Por agora, estamos tão só no principio.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Novas Artes

Sempre assumimos que no projeto e no intuito maior de diminuir a nossa pegada ecológica não íamos ser extremistas, e parece-me que assim continuamos, pelo menos para já.

Mas a odisseia é altamente desafiante: dificuldade em conseguirmos produtos no algarve no curto prazo - dizem-nos que as encomendas demoram um mês. A alternativa é sermos nós a pagar o transporte, nunca menos de 5 euros por encomenda.

As novas artes em que estamos a integrar-nos vão de encontro à diminuição de utilização de químicos: queremos fazer o nosso champô, a espuma da barba do PenaMan e sabonetes de utilização comum e para oferta. Amaciador usamos vinagre "Dona Pureza" e estamos bastante satisfeitos até à data.

Comecei por tentar ir ao workshop dos sabonetes artesanais, mas a data era difícil, apesar de ser no Algarve. Assim mandei vir o livro através da Internet. Como manda a lei, li o livro todo: um autêntico curso de química aplicada! Entretanto comprámos os produtos e relemos o livro novamente: tem sido um desafio interessante.

Assim que arranjarmos o tempinho para vestir a bata, pôr os óculos e calçar as luvas em sítio arejado e ventilado, conto tudo!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Deitei-me no teu lado da cama

Deitei-me no teu lado da cama, sem ser de propósito. Não estavas e a Peninha ocupou o meu lugar na cama. Então, simplesmente deitei-me entre os lençóis e com a cabeça na almofada. Nada de extraordinário até aqui. Fechei os olhos, inspirei e... um cheiro floral qualquer que eu não conheci entrou-me no nariz, no cérebro, nos pensamentos e de repente nos pesadelos também. Mas ainda estava acordada. Voltei a inspirar e era verdadeiro aquele cheiro. Ligar-te a perguntar? Esperar para perguntar? Investigar clandestinamente telefones e emails e...

Continuei deitada no teu lado da cama, sem mais. Certamente o cheiro era diferente apenas porque aquele não era o meu lado da cama. Tenho na memória o cheiro, mas tranquila no meu e no teu lado da cama, eu e a Peninha dormimos e acordamos. Essa e outras noite e sem a Peninha, mas contigo e sem o cheiro e nos lados certos cada um.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ouro de beber

Era algo que já queríamos antes desta "mania" de ser saudável e sustentável e, já agora, económico. Azeite bom! Já conhecíamos um lagar em São Brás de Alportel e queríamos lá ir. A conversa começou em Janeiro e foi-se arrastando... Ficámos de ir um fim-de-semana, e depois outro, e depois outro. Ligámos para saber o preço do azeite e ficámos a saber que já têm página na internet e fazem entregas. Mas como sempre, o valor da entrega era muito pouco compensador...

E nós estávamos numa de ir ao lagar. Num Sábado, metemo-nos os 3 no carro com 2 avós e lá fomos.
Os senhores foram muito muito simpáticos e até tivemos direito a uma visita para ver a maquinaria, o alambique da aguardente, a parte de embalagem e o processo de fabrico pré-mecanização. Tudo muito bem explicado e com direito a perguntas e respostas. Até a Peninha gostou!

Quando fomos pagar, afinal o preço já não era o mesmo. E ficámos a saber que segunda-feira ia aumentar. Isto porque a época do azeite não é todo o ano. Vínhamos completamente formatados pelo supermercado! A época do azeite é em Outubro: é quando há mais e é mais barato. Depois consoante o ano tenha sido mais ou menos seco e haja menos ou mais azeitona e a própria azeitona seja mais ou menos cheia, influencia também o preço final.

Trouxemos o nosso garrafão que esperamos que dê até meados de Outubro e uma das avós também trouxe um garrafão. Para utilizar, em vez do garrafão temos uma garrafinha de molhos, tipo chef, que vamos enchendo. O preço saiu ao preço de um bom azeite e é óptimo!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Análise de resolução de ano novo

Bem que me tenho esforçado a procurar na Internet projectos do tipo daquele a que nos comprometemos no início do ano, mas a verdade é que não há nada parecido (que eu tenha encontrado).

Há muita coisa na área da reciclagem e reutilização de lixo doméstico, mas isso pressupõe fazer lixo e comprar esse mesmo lixo, que no fundo é o que evitamos.

Não sei em que ponto de situação fiquei na última vez, mas as conclusões a que chegámos ao momento são:
- já usamos guardanapos de pano quando estamos apenas os 3 em casa: com visitas é complicado, porque as pessoas não estão habituadas e não gostam e este era um dos pressupostos que tínhamos aplicado logo desde o princípio em relação aos guardanapos de pano - em caso de visitas não aplicar.

- cápsulas de café reutilizáveis: dão algum trabalho, pois tem de se tirar o café utilizado, passar por água e voltar a encher e o café é bastante diferente da tradicional bica. Estou tentada a experimentar uma daquelas clássicas máquinas de saco.
Por curiosidade, li no outro dia um artigo num jornal nacional em que o inventor das cápsulas informava que nunca pensou que fosse funcionar o conceito, por ser caro. Aliás, atendendo ao lixo que faz, se pudesse voltar atrás não teria desenvolvido o conceito.

- a horta continua em grande produção

- continuamos a produzir os nossos iogurtes e inclusivamente já estamos a fazer alguns produtos semelhantes

- acabámos com os garrafões de água em casa. A água da nossa casa não é adequada a consumo, serve apenas para banhos e lavagens, o que significa que até a sopa tem de levar água do garrafão. Eram demasiados garrafões por semana. Assim, temos uma máquina de água daquelas dos garrafões de 18.9l que são depois reenchidos. Negociámos o preço de forma a que a água ficou ao custo da que adquiríamos no supermercado, que apenas posso indicar que não era marca branca. Pagamos um valor mínimo de aluguer da máquina e obviamente que não temos os habituais copos de plástico que acompanham essas máquinas. São entregues em casa, o que também é ecológico.

- apenas compramos detergente de loiça e roupa, todas as restantes limpezas são feitas com vinagre de limpeza. É um vinagre próprio e a um preço apetecível que serve para limpar todas as divisões da casa e que tem óptimos resultados - aliás, usamos como abrilhantador na máquina da loiça e como amaciador e anti calcário na máquina da roupa.

- Quinta Colha Você Mesmo Espírito da Terra: era muito caro para tão pouca quantidade. optámos por ir todos os Sábados ao Mercado a Loulé. Confesso que é um sítio que gosto e que já me habituei e até já temos um talho eleito por lá.

- Sacos de plástico: já nem nos lembramos o que isso é. Nem nas férias os usamos! E para o lixo compramos sacos de lixo.


e assim vai esta resolução, da qual tenho algum orgulho por estes dias :) mas que não ficará por aqui de certeza

Brilha brilha lá no céu

Não é um post a falar de uma estrelinha que nos deixou e que brilha agora lá no céu.
É um post sobre a música infantil "brilha brilha lá no céu", que de tão popular nem me vou preocupar em pôr links para o YouTube...

Quando a Peninha era levezinha e pequenina, naquela fase da vida em que eu tratava de tudo (trabalhar para pôr dinheiro em casa, educa-la, alimenta-la, mima-la, deita-la, vesti-la, cuidar dela, ama-la, passar tempo com ela, leva-la à escola, passar tempo com ela e disfrutar dela... nem me alongo mais por agora), tinha uma preocupação permanente, embora em baixa onda de rádio: que ela chorasse e acordasse à noite. Isso incomodaria os meus vizinhos do lado (literalmente a parede do meu quarto era a parede do quarto deles também...) além de que me deixaria um traste para seguir a odisseia 24 por 7 que tinha e cujas tarefas sucintamente descrevi acima.

Cedo pensei que a comunicação entre nós era uma prioridade para que nos entendêssemos e tivéssemos a melhor relação possível - obviamente que de dia e de noite! O momento de deitar era crucial e não tinha uma norma, contrariamente ao que todos esperavam. A cada noite chegava um momento em que eu julgava que ela ficaria bem na cama e acabaria por adormecer e deitava-a. Às vezes corria bem e ela adormecia num curto espaço de tempo e não voltava sequer a acordar sem ser no outro dia de manhã. Outras vezes acordava passadas 2 ou 3 horas mas adormecia novamente, embora raramente acordasse antes da manhã seguinte.

Mas vezes houve, obviamente - e hoje não nego, embora possa ter estado durante algum tempo em estado de negação sobre este assunto - em que ela se recusava sequer a encostar o seu corpinho no berço e fazia questão que todo o prédio soubesse que não estava para isso, alto e bom som. E outras em que até fingia que ia ficar mas... mas não. E não e não e não!

Nesses momentos menos coloridos socorri-me das técnicas do passado e comecei por me aliar à música do "João Pestana", mas essa música tinha a particularidade de deixar a Peninha sonolenta e por isso aumentava o grau de irritabilidade, choro, desconsolo e descontrolo. Com muita pena minha, por achar esse clássico infantil bonito e difícil de descarrilamentos vocais de maior, abandonei o "João Pestana" e adotei no imediato a "Brilha brilha lá no céu", também pouco dada a lesões auditivas infantis independentemente da perícia musical materna e com a vantagem de ser altamente popular e agradável.

Obviamente que a Peninha abanava logo a cabeça e estava a marimbar para a melodia... mas sortia sempre efeito, mesmo que demorasse. Virou presença habitual na nossa rotina. Qual o meu espanto quando neste último Natal, na festa da escola, na actuação da sala da Peninha, a música escolhida era o "brilha brilha", em que os pequenotes tinham uma estrela muito grande e brilhante à frente de cada uma das suas barriguinhas e ainda estrelinhas um pouco mais pequenas a cintilar nas suas mãozinhas. Saiu o DVD na escola, comprámos e está no primeiro lugar, TOP 1, lá de casa desde então... já lá vão 4 meses ininterruptos! Não há dia em que não toque, praticamente.

Nesta quarta-feira fomos jantar a casa da avó, como habitualmente. E qual não foi o meu espanto quando no caminho ela começou a cantar a música. Obviamente que não conseguia sair da parte do "brilha brilha" e ajudei-a e assim passou a um belo dueto maternal. Música para os meus ouvidos a sair daquela boca com aquele som atabalhuado! Até hoje não voltou a repetir a proeza (na escola não adora de forma alguma a professora de música), mas aqui no meu coração ficou aquele momento a brilhar para sempre e, uma vez mais, só nosso, "das duas", como ela diz.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Monsenhor Vitor Feytor Pinto

Na sexta-feira tive a oportunidade e o imenso prazer de assistir a uma conferência com o Monsenhor Vitor Feytor Pinto com a temática da Santidade e da Família. Ouvir um homem tão inteligente e com tão especial poder oratório é especial. Chega até a ser mágico. Gostei muito da Boa Nova que trouxe de todas as mudanças a que se propõe a Igreja Católica para o curto prazo. É que eu precisava mesmo delas!
Não casei pela igreja porque não podia.
Batizei a minha filha porque ambos os pais quiseram.
Não deixo de me sentir olhada de lado muitas vezes por explicar a história de vida minha e da Peninha, mas esta Igreja de Alegria e Amor é o que me identifico.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ups!... Não reparei...

Ontem a Peninha decidiu sair de casa com o imenso balão em forma de Mickey (mais conhecido por Kikey cá pelo galinheiro) de manhã quando fomos para a escola. Enfiei os dois no banco de trás, ela a segurá-lo para ele não fugir. Discutiram os dois pelo caminho, como sempre discutem: ela quer que ele se chegue a ela, mas ele apesar daquelas orelhas enormes faz-se moco e não move uma palha. Ela tenta agarrá-lo, mas ele está longe, mais precisamente a preencher toda a área do espelho retrovisor do carro, a olhar para mim com aquele sorriso e aquele olhar. Eu tento empurra-lo mas estes bracinhos não o apanham nem sequer lhe tocam. E ela grita, urra, chora e depois recompõe-se e volta a insistir e ele... nada! Foi quando ela me pediu a chupeta... E eu... E eu ia-lhe dar, palavra que ia, mas reparei que no habitual rebuliço matinal de saída do galinheiro... a chupeta não tinha vindo. E até poderia estar o saco castanho no carro, aquele que a acompanha sempre que sai, mas ontem não era dia de ir jantar a casa da avó, pelo que também não estava.

Cresceu em mim um misto de vontade de culpá-la a ela e depois a mim (e como sempre ao PenaMan)... tive pena da educadora... mas enchi o peito de ar e enquanto o meu cérebro me forçava a mentir, a minha boca disse a verdade: não veio, não reparei e não tenho nenhuma no carro... Ninguém dramatizou a situação na escola, só mesmo eu.

Ao fim do dia, quando a fui buscar, no caminho olhei pelo retrovisor e vi aquelas orelhinhas espetadas, aquele olhar e aquela boca arqueada e pensei que quando chegasse à escola ela estivesse irada com o mundo. Com o mundo inteiro! Mas não estava.

Confessou-me outra auxiliar, que não a da sala dela, que não sabia, mas que no dia anterior tinha ouvido na hora da sesta sua educadora a queixar-se de que "és a única que usa chupeta ainda para dormir, não pode ser" e ontem não tinha ouvido nada...

À noite ainda pensámos continuar a aplicar o plano do esqueci-me e não reparei, mas quando foi para a cama interrompemos o plano até hoje à chegada à escola, por serem dias que vão fugir da rotina e vão ser atípicos.

Já tirei o Mickey do carro... quanto à chupeta, hoje reforcei a dose no carro, mas não ficou nenhuma na escola, embora me tenha lembrado e reparado bem.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A horta biológica

Foi um fim-de-semana muito intenso neste nosso novo projecto.
Começámos por ir à nossa vizinha Horta Biológica Espírito da Terra e foi uma experiência fantástica. O acolhimento pelos proprietários foi muito simpático. A Peninha andou a ver os animais todos que por lá estão e que não são poucos: galinhas da Índia e Fracas, porquinhos da Índia, coelhos, um javali cruzado com porco vietnamita, um burro, uma cabra anã e cães. Fomos até junto da ribeira que ali passa e vimos a casa da árvore e toda a plantação em mandalas. Quem passa ali ao lado na estrada não imagina o tamanho da Horta. Depois trocámos algumas palavras com o proprietário, o Luís, e esperamos em breve começar a adquirir o nosso cabaz semana de agricultura biológica.

Ao princípio pode não fazer muito sentido a quantidade de 4-5-6 kg do cabaz, composto por 1 a 3 unidades de vegetal ou fruta da época. Mas a verdade é que é semanal e se for mais acaba por ser demais. Trocámos umas impressões com o Luís sobre este nosso projecto.

Depois fomos até à Reserva Agrícola de Vilamoura, onde há muitas ovelhas.
Ficámos a saber que o lagar do azeite é em São Brás de Alportel (Vilarinhos), onde iremos um destes dias. Ficámos a saber que já não se vende leite de vaca nas quintas. Descobrimos muita lenha de pinheiro por apanhar na Reserva Agrícola de Vilamoura. Adicionámos ao projecto criar Galinhas Fracas, porque consta que a carne é maravilhosa.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Rotunda

Apresento a minha mais recente fobia: contornar uma rotunda com o outro carro ao lado daquele em que vou, estando o outro carro na faixa de fora (direita). Senhores, é com cada uma! Gostava de conseguir ver a rotunda da forma que esta pessoas vêm - deve ser cá uma alucinação.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Desenvolvimentos do projecto Gren Acres

Ora já pusemos mãos à obra e começámos o investimento:
- comprámos uma iogurteira e já experimentámos fazer iogurtes sólidos de banana e estamos convencidos
- comprámos duas cápsulas reutilizáveis tipo Nespresso e cravámos à nossa vizinha do café grãos de café que moemos na Bimby. Mas sucede que não ficaram tão bem moídos quanto isso e o café saiu mau. O Pena-Man voltou a moer o café e compactou um pouco e já saiu menos mau. Abriu uma cápsula original para se certificar que o café estava de facto melhor moído e mais compactado. Vamos experimentar com café moído.

Com os iogurtes pretendemos comer mais saudável e fazer menos lixo e com o café fazemos menos lixo e ficamos com fertilizante para a terra.

Andamos a ver se conseguimos por as galinhas a comer apenas restos e não ração, mas ainda não conseguimos. O Pena-Man já fez compras sem sacos de plástico e até à data sem queixas.

A curto prazo - até lá para meados deste fim-de-semana, queremos saber informações da Quinta Colha Você Mesmo, compostagem e guardanapos de pano.

:)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Mãe Solteira

Quando era pequenina e ouvia falar de mães solteiras invariavelmente pensava em adolescentes irresponsáveis. Conheci algumas e eram aquelas pessoas que personificavam a expressão, que para mim até tinha um certo quê de americano e tudo!
Casei por amor e tínhamos um grande desejo de ter filhos: não queríamos só um e eu preferia ter sido mãe ainda mais cedo do que aos 27 anos. Não foi logo assim de repente que engravidei, mas acabou por acontecer. Pelo desarranjo que ia no meu casamento, levei a gravidez da forma mais serena que pude e consegui. Aguentei tudo e mais, chorei, solucei e desesperei, mas a minha Peninha acabou por nascer e me mostrar o mundo de outra forma diferente daquela que eu conhecia até ali.

Passados alguns dias da Peninha estar entre nós, depois de ouvir tudo o que não se deve dizer a uma mulher no pós-parto, de ter de realizar todas as tarefas domésticas sozinha, de me ter sido inclusivamente que passasse a ferro após uma cesariana... acabou por ruir o casamento.

Fiquei eu e a Peninha, numa cidade onde eu nem tinha família. Se tive medo? Não, nunca tive. Achei sempre que ia conseguir. Conseguir o quê? O quê não sei, mas que ia conseguir, sabia que ia. Tinha alguns vizinhos de coração grande que me davam a mão muitas vezes - e muitas vezes sem sequer perceberem o quanto aquela mão me amparava. Tive uma família que superou todas as barreiras físicas que possam haver e tornou o longe logo aqui. Nasceram amizades que se tornaram família e que me davam o que não se pode pedir à família.

Pensei algumas vezes como seria. Mas, na verdade, não perdi muito tempo a pensar, porque tinha muitas coisas a fazer e estava simplesmente a lidar com tudo o que acontecia numa altura tão delicada da minha vida e da vidinha da minha Peninha.

Pensei inclusivamente em criar uma associação de apoio a mães solteiras, porque quando se trabalha e se tem filhos a cargo e se recebe acima do ordenado mínimo, não há qualquer ajuda disponível para nós.

Foram tempos difíceis - se foram! Só eu sei o quanto me custou, mas na verdade já fiz por esquecer
. Mas muitas vezes volta ainda ao meu coração aquele sabor agridoce de ser mãe-pai e ter de decidir o melhor e pensar por todos. O outro dia foi assim...

Hoje tenho muitos apoios, mas sei o que é e o que custa...

Green Acres Project

Não adoro estrangeirismos, mas podem chamar-lhe uma resolução de ano novo... E por um lado até é... Mas não vou ser miss praia nem fazer a maratona de Nova Iorque (desculpem a desilusão). Já alguns me ouviram dizer que nesta minha recente Vida me sinto muitas vezes em Green Acres. E o projecto deste ano - aqui ano deve entender-se como período de tempo para aplicação o conceito e respectivas conclusões - é a diminuição da pegada ecológica dos 3 da casa. E estender aos 5, aos 6, aos 7 e... 8 e a ver vamos...

Estamos muito motivados e passará por um melhor aproveitamento dos recursos que dispomos
- horta, animais e produtos locais
- diminuição do lixo que produzimos, tornando as nossas compras de supermercado com menos lixo e menores
- racionalização de consumos desnecessários, nomeadamente descartáveis

 entre muitos outros que pensamos e iremos pondo a par. 
Até lá podem continuar a visitar-nos que não imporemos nada aos nossos amigos, nem estamos a pensar em converter-nos ao Ratatouille.