Quando era pequenina e ouvia falar de mães solteiras invariavelmente pensava em adolescentes irresponsáveis. Conheci algumas e eram aquelas pessoas que personificavam a expressão, que para mim até tinha um certo quê de americano e tudo!
Casei por amor e tínhamos um grande desejo de ter filhos: não queríamos só um e eu preferia ter sido mãe ainda mais cedo do que aos 27 anos. Não foi logo assim de repente que engravidei, mas acabou por acontecer. Pelo desarranjo que ia no meu casamento, levei a gravidez da forma mais serena que pude e consegui. Aguentei tudo e mais, chorei, solucei e desesperei, mas a minha Peninha acabou por nascer e me mostrar o mundo de outra forma diferente daquela que eu conhecia até ali.
Passados alguns dias da Peninha estar entre nós, depois de ouvir tudo o que não se deve dizer a uma mulher no pós-parto, de ter de realizar todas as tarefas domésticas sozinha, de me ter sido inclusivamente que passasse a ferro após uma cesariana... acabou por ruir o casamento.
Fiquei eu e a Peninha, numa cidade onde eu nem tinha família. Se tive medo? Não, nunca tive. Achei sempre que ia conseguir. Conseguir o quê? O quê não sei, mas que ia conseguir, sabia que ia. Tinha alguns vizinhos de coração grande que me davam a mão muitas vezes - e muitas vezes sem sequer perceberem o quanto aquela mão me amparava. Tive uma família que superou todas as barreiras físicas que possam haver e tornou o longe logo aqui. Nasceram amizades que se tornaram família e que me davam o que não se pode pedir à família.
Pensei algumas vezes como seria. Mas, na verdade, não perdi muito tempo a pensar, porque tinha muitas coisas a fazer e estava simplesmente a lidar com tudo o que acontecia numa altura tão delicada da minha vida e da vidinha da minha Peninha.
Pensei inclusivamente em criar uma associação de apoio a mães solteiras, porque quando se trabalha e se tem filhos a cargo e se recebe acima do ordenado mínimo, não há qualquer ajuda disponível para nós.
Foram tempos difíceis - se foram! Só eu sei o quanto me custou, mas na verdade já fiz por esquecer
. Mas muitas vezes volta ainda ao meu coração aquele sabor agridoce de ser mãe-pai e ter de decidir o melhor e pensar por todos. O outro dia foi assim...
Hoje tenho muitos apoios, mas sei o que é e o que custa...
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