Não é um post a falar de uma estrelinha que nos deixou e que brilha agora lá no céu.
É um post sobre a música infantil "brilha brilha lá no céu", que de tão popular nem me vou preocupar em pôr links para o YouTube...
Quando a Peninha era levezinha e pequenina, naquela fase da vida em que eu tratava de tudo (trabalhar para pôr dinheiro em casa, educa-la, alimenta-la, mima-la, deita-la, vesti-la, cuidar dela, ama-la, passar tempo com ela, leva-la à escola, passar tempo com ela e disfrutar dela... nem me alongo mais por agora), tinha uma preocupação permanente, embora em baixa onda de rádio: que ela chorasse e acordasse à noite. Isso incomodaria os meus vizinhos do lado (literalmente a parede do meu quarto era a parede do quarto deles também...) além de que me deixaria um traste para seguir a odisseia 24 por 7 que tinha e cujas tarefas sucintamente descrevi acima.
Cedo pensei que a comunicação entre nós era uma prioridade para que nos entendêssemos e tivéssemos a melhor relação possível - obviamente que de dia e de noite! O momento de deitar era crucial e não tinha uma norma, contrariamente ao que todos esperavam. A cada noite chegava um momento em que eu julgava que ela ficaria bem na cama e acabaria por adormecer e deitava-a. Às vezes corria bem e ela adormecia num curto espaço de tempo e não voltava sequer a acordar sem ser no outro dia de manhã. Outras vezes acordava passadas 2 ou 3 horas mas adormecia novamente, embora raramente acordasse antes da manhã seguinte.
Mas vezes houve, obviamente - e hoje não nego, embora possa ter estado durante algum tempo em estado de negação sobre este assunto - em que ela se recusava sequer a encostar o seu corpinho no berço e fazia questão que todo o prédio soubesse que não estava para isso, alto e bom som. E outras em que até fingia que ia ficar mas... mas não. E não e não e não!
Nesses momentos menos coloridos socorri-me das técnicas do passado e comecei por me aliar à música do "João Pestana", mas essa música tinha a particularidade de deixar a Peninha sonolenta e por isso aumentava o grau de irritabilidade, choro, desconsolo e descontrolo. Com muita pena minha, por achar esse clássico infantil bonito e difícil de descarrilamentos vocais de maior, abandonei o "João Pestana" e adotei no imediato a "Brilha brilha lá no céu", também pouco dada a lesões auditivas infantis independentemente da perícia musical materna e com a vantagem de ser altamente popular e agradável.
Obviamente que a Peninha abanava logo a cabeça e estava a marimbar para a melodia... mas sortia sempre efeito, mesmo que demorasse. Virou presença habitual na nossa rotina. Qual o meu espanto quando neste último Natal, na festa da escola, na actuação da sala da Peninha, a música escolhida era o "brilha brilha", em que os pequenotes tinham uma estrela muito grande e brilhante à frente de cada uma das suas barriguinhas e ainda estrelinhas um pouco mais pequenas a cintilar nas suas mãozinhas. Saiu o DVD na escola, comprámos e está no primeiro lugar, TOP 1, lá de casa desde então... já lá vão 4 meses ininterruptos! Não há dia em que não toque, praticamente.
Nesta quarta-feira fomos jantar a casa da avó, como habitualmente. E qual não foi o meu espanto quando no caminho ela começou a cantar a música. Obviamente que não conseguia sair da parte do "brilha brilha" e ajudei-a e assim passou a um belo dueto maternal. Música para os meus ouvidos a sair daquela boca com aquele som atabalhuado! Até hoje não voltou a repetir a proeza (na escola não adora de forma alguma a professora de música), mas aqui no meu coração ficou aquele momento a brilhar para sempre e, uma vez mais, só nosso, "das duas", como ela diz.
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