As bibliotecas são lugares de partilha de saber e cultura. Não é à toa que continuam a existir e a custar larga fatia do orçamento camarário, sem retorno visível de maior.
Mas só pelo título, a maior parte das pessoas nem leria este post: só o nome cheira a muitos livros juntos, funcionárias que pedem silêncio e falam baixinho. Há uns tempos atrás confesso que faria o mesmo, embora a biblioteca faça parte das minhas memórias felizes de infância - tive o privilégio de ser vizinha da biblioteca municipal da minha cidade, que abriu no ano em que fui para a escola primária e por isso era novinha e estava na moda. Passava lá muito tempo a devorar livros e gostava mesmo muito de lá ir, para ler ou para ir ver filmes. Julgo que gostar de ler se deve em grande parte a isso. Mas hoje em dia os pais passam a responsabilidade de ir à Biblioteca com os filhos para a escola e é algo démodé, porque está tudo na internet - até os livros.
Esta era a maneira como estava organizada na minha cabeça o conceito de Biblioteca. No entanto, por um destes dias a ler um artigo num blog sobre minimalismo ou ecologia (não sei qual a temática, nem qual o blog!) tropecei num post raro: embora seja considerado um bom blog, cheio de visitantes e seguidores, os comentários daquele post eram mais interessantes do que o post em si.
O post falava no descontentamento de os cartões de sócio das bibliotecas serem em regra de plástico e, por isso, a autora estava desiludida com a biblioteca e não frequentava a mesma. Eis então que surgem os comentários: "as bibliotecas são dos poucos locais públicos do nosso tempo em que ninguém nos pede nada, não somos incitados a comprar nada nem a consumir nada", "na biblioteca da minha terra até podem ser requisitados ebooks", "na biblioteca a cultura e o saber são grátis e estão disponíveis para qualquer um, sem distinção".
Foi isto tudo que perdemos! Obviamente que me organizei para ir conhecer a biblioteca da terra onde trabalho e onde a Peninha anda na escola. Aproveitei um dia de fim-de-semana de muito calor em que estávamos apenas as duas e lá fomos àquele edifício moderno e elegante. Fiquei maravilhada: imagine-se uma sala de leitura infantil que tem livros para colorir, jogos tradicionais, consolas de videojogos, filmes, almofadas, brinquedos e livros para ler. E isto tudo com muita cor e espaço para disfrutar. Escusado será dizer que nesse dia não tive hipótese de ir conhecer o resto da biblioteca e que foi difícil arrancar a Peninha de lá.
Voltei lá outro dia para conhecer as salas dos "crescidos" e a satisfação não foi menor que da primeira visita: livros que eu tive na mão nas livrarias, mas que devido ao preço não adquiri. Adorei a sensação de lá voltar a estar! Quero regressar muitas vezes!
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