Cheguei atrasada, mas o concerto não tinha começado ainda - se na Marinha quando se chega a horas estão 5 minutos atrasados, ali o relógio não parecia estar a marcar passo. Estavam os músicos a preencher os seus lugares e a tomarem conta dos seus instrumentos. Rapidamente estava o Comandante a dar as boas vindas, a agradecer ao General - e eu sem saber se valeria a pena ter saído na noite de nortada.
Vi o programa antes e tinha cantoras, o que me deixou curiosa. Mas no palco só se via gente de farda, com e sem galões. Eis que começa o espectáculo com músicas estrangeiras - o ingles, sempre o ingles.... já se esqueceram da armada invencivel, já se ve... Continuei a dar o benefício da dúvida, eu e todos os outros que lá estavam, nitidamente gente da terra e gente militar de férias. As cantoras eram sorridentes, animadas, ritmadas em coreografias que assentavam perfeitamente em todo o cenário e o estilo jazz inicial da banda agradava-me - e segundo informaram, uma delas era algarvia e por isso foi como se tivéssemos todos uma das nossas ali no palco.
Lembrou-me um concerto do Michael Buble no LG Theatre nos EUA - mas quando entrou em cena, o cantor não trazia um Hugo Boss, trazia antes um traje militar comum, não diferente do dos outros. Também não era estilo playboy, tinha a forma que a idade lhe tinha dado, mas ainda assim um jeito engraçado e cativante.
Seguiram-se os fados... Foi Deus - lá vamos nós e o estado laico... Mas em tempo de guerra não se limpam armas e até ali tudo estava a valer a pena - vozes maravilhosas, som afinado, boa apresentação, bons tocadores. Seguiu-se o Depois do Adeus - e com esta música eu percebi que ia ser sempre a somar, ou não fosse esta uma das músicas dos militares do 25 de Abril. Ainda assim não tinha noção mínima ainda do que me esperava. Seguiram-se músicas portuguesas, daquelas que todos sabemos e cantamos, enquanto um veleiro subia o canal vagarosamente para também aproveitar o espectáculo e todos esqueciam os problemas do lixo da cidade. Depois Michael Jackson - cheguei a temer que o General não aguentasse tanta ousadia e se pusesse em marcha. Ainda eu não tinha ouvido Amy Whinouse no melhor estilo musical militar de sempre. Vieram Xutos e nessa altura já dançavam veraneantes nas laterais do palco, nada preocupados com a quantidade de uniformes que os rodeavam. Xutos é sempre Xutos e começo a acreditar que não há quem não goste. Por fim Queen, dedicado aos militares em missão no estrangeiro e no combate aos incêndios.
Foi um fantástico concerto, cheio de alegria, a transbordar de animação e que certamente aproximou um pouco todos os lacobrigenses que lidam com militares desde que se conhecem como gente. Que não demorem tantos anos a cá voltar como da última vez. Ah, valente nortada.